Título: Lula: faremos sucessor para continuar governando
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 27/03/2008, O País, p. 9
Em lançamento do PAC em clima de campanha, presidente diz que a oposição "pode tirar o cavalo da chuva"
Legenda da foto: LULA DISCURSA em lançamento de obra do PAC em Recife, observado por Dilma (à esquerda): "Apenas fazendo discurso não vão nos derrotar"
RECIFE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou ontem o debate sucessório de 2010, em clima de campanha. Durante lançamento de obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Pernambuco - programa que ele nega ser eleitoreiro -, disse ter certeza de que fará o sucessor. E, com ironia, aconselhou a oposição a tirar o "cavalo da chuva". Lula cantou vitória antecipada sobre 2010 em discurso no bairro popular do Jordão, em Recife, onde assinou contratos do PAC no valor de R$580 milhões.
O presidente foi saudado aos gritos e com palavras de ordem como "Lula, eu te amo" e "Lula, cadê você, eu vim aqui só pra te ver". À vontade, quebrou o protocolo: deixou o palco de autoridades e misturou-se à multidão, dando muito trabalho à segurança. Apesar de dizer que não está em campanha, nem pretende mudar as regras do jogo da sucessão presidencial, Lula se mostrou empenhado em fazer seu sucessor:
- Tenho fé em Deus. Deixo o governo, mas esse companheiro (o governador Eduardo Campos, do PSB) continua governando Pernambuco. Se a oposição pensa que vai fazer o sucessor, pode tirar o cavalo da chuva, porque vamos fazer a sucessão para continuar governando este país.
Durante a cerimônia, Lula criticou mais uma vez seus antecessores e ironizou as intenções da oposição:
- (2010) Ainda está muito longe. Mas se alguém pensa que vai atrapalhar o projeto de desenvolvimento deste país, vai ter que lutar muito. E vai ter que trabalhar muito. Apenas fazendo discurso não vão nos derrotar, não. É preciso trabalhar mais do que nós e dizer ao povo o que fizeram antes de nós, porque eles já governaram. Não são marinheiros de primeira viagem. Eles passaram 500 anos governando este país. Quais investimentos fizeram na educação? Vamos comparar. E vamos trabalhar muito. Vou voltar a Pernambuco muitas vezes, vou ao Rio Grande do Norte, à Paraíba, à Bahia, ao Piauí. Vou visitar todos os estados brasileiros.
E continuou só falando de 2010, no lançamento do PAC:
- Os adversários vão dizer: está em campanha. Está em campanha. Não estou em campanha, porque não tem eleição para presidente e, se tivesse, não posso concorrer, então não estou em campanha. Agora, se eles acham que vou ficar lá em Brasília, ouvindo discurso, eles podem fazer quantos discursos quiserem que eu vou para a rua ouvir o discurso do povo, que é o que eu gosto mais de ouvir.
Lula ouviu muitos discursos do povo ontem. Entre as obras anunciadas na solenidade está a urbanização do Canal de Jordão, bairro que tem cerca de 40 mil habitantes. Os alagamentos, segundo os moradores, já provocaram mais de dez mortes nas últimas duas décadas.
- Essa é uma obra que a população espera há mais de meio século - disse Luciano Oliveira Brito, presidente da Associação de Moradores do Jordão há 22 anos.
Moradora do Campo da Vila, favela a ser beneficiada também com verbas liberadas ontem, Rosângela da Silva afirmou que o presidente é um "abençoado" e "pai dos pobres".
- Queremos agradecer e pedir a Deus que o PAC se multiplique, que sirva de exemplo para outros países, por ser um modelo de desenvolvimento que privilegia as classes menos favorecidas - disse ela.
Era tudo o que Lula queria ouvir. Ele disse que sua obra está no início, e que o modelo tem que ser mantido:
- Vamos continuar lutando e acreditando que a gente pode fazer muito mais. Estamos apenas começando. O caminho é longo, mas é alentador - disse, afirmando que, com o PAC, o país não mais vai parar.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que no governo Lula a máquina pública "mói em favor dos pobres" e que o PAC é um símbolo disso. Já o prefeito João Paulo Lima e Silva (PT) criticou o "ódio de classe" contra o governo e disse ser necessário que as elites entendam que Lula governa "com amor ao povo". Depois da cerimônia, Lula se encontrou com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
www.oglobo.com.br/pais
Em lançamento do PAC em clima de campanha, presidente diz que a oposição "pode tirar o cavalo da chuva"
Legenda da foto: LULA DISCURSA em lançamento de obra do PAC em Recife, observado por Dilma (à esquerda): "Apenas fazendo discurso não vão nos derrotar"
Letícia Lins
RECIFE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou ontem o debate sucessório de 2010, em clima de campanha. Durante lançamento de obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Pernambuco - programa que ele nega ser eleitoreiro -, disse ter certeza de que fará o sucessor. E, com ironia, aconselhou a oposição a tirar o "cavalo da chuva". Lula cantou vitória antecipada sobre 2010 em discurso no bairro popular do Jordão, em Recife, onde assinou contratos do PAC no valor de R$580 milhões.
O presidente foi saudado aos gritos e com palavras de ordem como "Lula, eu te amo" e "Lula, cadê você, eu vim aqui só pra te ver". À vontade, quebrou o protocolo: deixou o palco de autoridades e misturou-se à multidão, dando muito trabalho à segurança. Apesar de dizer que não está em campanha, nem pretende mudar as regras do jogo da sucessão presidencial, Lula se mostrou empenhado em fazer seu sucessor:
- Tenho fé em Deus. Deixo o governo, mas esse companheiro (o governador Eduardo Campos, do PSB) continua governando Pernambuco. Se a oposição pensa que vai fazer o sucessor, pode tirar o cavalo da chuva, porque vamos fazer a sucessão para continuar governando este país.
Durante a cerimônia, Lula criticou mais uma vez seus antecessores e ironizou as intenções da oposição:
- (2010) Ainda está muito longe. Mas se alguém pensa que vai atrapalhar o projeto de desenvolvimento deste país, vai ter que lutar muito. E vai ter que trabalhar muito. Apenas fazendo discurso não vão nos derrotar, não. É preciso trabalhar mais do que nós e dizer ao povo o que fizeram antes de nós, porque eles já governaram. Não são marinheiros de primeira viagem. Eles passaram 500 anos governando este país. Quais investimentos fizeram na educação? Vamos comparar. E vamos trabalhar muito. Vou voltar a Pernambuco muitas vezes, vou ao Rio Grande do Norte, à Paraíba, à Bahia, ao Piauí. Vou visitar todos os estados brasileiros.
E continuou só falando de 2010, no lançamento do PAC:
- Os adversários vão dizer: está em campanha. Está em campanha. Não estou em campanha, porque não tem eleição para presidente e, se tivesse, não posso concorrer, então não estou em campanha. Agora, se eles acham que vou ficar lá em Brasília, ouvindo discurso, eles podem fazer quantos discursos quiserem que eu vou para a rua ouvir o discurso do povo, que é o que eu gosto mais de ouvir.
Lula ouviu muitos discursos do povo ontem. Entre as obras anunciadas na solenidade está a urbanização do Canal de Jordão, bairro que tem cerca de 40 mil habitantes. Os alagamentos, segundo os moradores, já provocaram mais de dez mortes nas últimas duas décadas.
- Essa é uma obra que a população espera há mais de meio século - disse Luciano Oliveira Brito, presidente da Associação de Moradores do Jordão há 22 anos.
Moradora do Campo da Vila, favela a ser beneficiada também com verbas liberadas ontem, Rosângela da Silva afirmou que o presidente é um "abençoado" e "pai dos pobres".
- Queremos agradecer e pedir a Deus que o PAC se multiplique, que sirva de exemplo para outros países, por ser um modelo de desenvolvimento que privilegia as classes menos favorecidas - disse ela.
Era tudo o que Lula queria ouvir. Ele disse que sua obra está no início, e que o modelo tem que ser mantido:
- Vamos continuar lutando e acreditando que a gente pode fazer muito mais. Estamos apenas começando. O caminho é longo, mas é alentador - disse, afirmando que, com o PAC, o país não mais vai parar.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que no governo Lula a máquina pública "mói em favor dos pobres" e que o PAC é um símbolo disso. Já o prefeito João Paulo Lima e Silva (PT) criticou o "ódio de classe" contra o governo e disse ser necessário que as elites entendam que Lula governa "com amor ao povo". Depois da cerimônia, Lula se encontrou com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
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