Título: Onde está o prefeito?
Autor: Alves, Maria Elisa; Machado, Vitor
Fonte: O Globo, 27/03/2008, Rio, p. 14

Cesar Maia comenta a epidemia pela primeira vez "tête-à-tête" com jornalistas

BRASÍLIA e RIO. O prefeito Cesar Maia finalmente veio ontem a público para comentar a epidemia de dengue que afirma não existir. E, mesmo assim, numa cerimônia restrita no Planetário da Cidade. Enquanto o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o governador Sérgio Cabral foram às ruas explicar as ações de combate à doença, Cesar vinha limitando seus contatos pelo e-mail. O prefeito alega que vinha trabalhando em silêncio, coordenando um gabinete de crise cuja existência divulgou apenas ontem.

- Eu não preciso da visibilidade dos meios de comunicação para os meus contatos com o público. Minha agenda não é divulgada há cinco anos - argumentou.

Cesar não costuma aparecer em público. Suas únicas aparições este ano ocorreram em 9 de março, nas cerimônias de comemoração dos 200 anos da chegada da corte, e em 29 de janeiro, na Cidade do Samba, onde entregou as chaves da cidade ao Rei Momo antes de embarcar para Paris, cidade que escolheu para passar o carnaval.

O prefeito afirmou investir mais de R$40 milhões por ano na prevenção contra a dengue. Na conta de Cesar estariam não apenas ações para combater o mosquito mas outras que não podem ser acompanhadas pela execução orçamentária, como trabalho dos garis da Comlurb na eliminação de focos do Aedes e campanhas em escolas.

Cesar voltou a culpar Temporão pela epidemia. Disse que a prefeitura deveria ter sido alertada para a existência de epidemias em outros estados e que elas representavam um risco para o Rio.

O ministro lamentou a disputa política em torno da epidemia.

- A crítica pela crítica, infundada, para atingir politicamente, essa política com o "p" pequeno, é inaceitável. O Rio precisa, sim, mudar o seu modelo de atenção primária.

Já o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil, Victor Berbara, criticou ontem o trabalho de controle de vetores da prefeitura.

- Agente de saúde não pode visitar casas de três em três ou quatro meses, porque o trabalho é levado pela primeira chuva.

Já o site "Contas Abertas" divulgou que, de 2005 a 2007, o governo federal reduziu de R$83,2 milhões para R$39,6 milhões o volume de recursos destinado a programa de prevenção de controle da dengue e malária.

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