Título: Militares atuarão contra dengue até o fim do ano
Autor: Camarotti, Gerson; Merola, Ediane
Fonte: O Globo, 27/03/2008, Rio, p. 16

Prefeitura finalmente abrirá o Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, concluído em 2004, mas que nunca funcionou

BRASÍLIA e RIO. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou ontem que os militares escalados para combater a epidemia de dengue no Rio vão atuar o ano inteiro, e não apenas na fase crítica. Segundo ele, o anúncio do plano será feito hoje. Temporão disse que só falta definir quantos vão trabalhar para controlar a epidemia. O ministro aguarda as definições dos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que vão estruturar hospitais de campanha e oferecer médicos e enfermeiros para ampliar a oferta de atendimento, reduzir o tempo de espera, melhorar a qualidade e diminuir a mortalidade:

- A minha expectativa é de que seja um número significativo, porque eu quero que os 1.200 bombeiros e mais o pessoal das Forças Armadas trabalhem durante todo o ano.

O ministro anunciou ainda a liberação de R$3 milhões para combate à dengue no estado. Os recursos serão destinados para cobrir, nos próximos três meses, o tratamento de pessoas contaminadas pela doença.

Primeiros médicos contratados já estão trabalhando

Segundo ele, os primeiros médicos contratados pelo Ministério da Saúde começaram a trabalhar ontem mesmo. Dos 660 técnicos e profissionais de nível superior previstos para a operação, já foram contratados cem. De acordo com Temporão, até a próxima semana os demais serão contratados e haverá uma oferta adicional de 130 leitos, que funcionarão na rede própria do Ministério da Saúde.

No Rio, a epidemia de dengue forçou a abertura do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, construído pela prefeitura em Acari e que nunca funcionou. O prefeito Cesar Maia anunciou ontem que a unidade, cujas obras foram concluídas em 2004, deverá ser inaugurada até o fim da próxima semana, mas ainda sem a emergência em funcionamento. O atendimento aos pacientes de dengue começará dias depois, quando alguns leitos - o número não foi divulgado pelo prefeito - serão colocados à disposição para os pacientes de menor gravidade.

O atendimento em Acari será parecido com o oferecido pelas tendas montadas pelo governo estadual junto a Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Zona Oeste e na Rua Edgar Werneck, em Jacarepaguá. A idéia é oferecer leitos para pacientes que precisem de hidratação ou ficar em observação. Os pacientes em estado mais grave seriam transferidos para outras unidades da prefeitura.

A administração do hospital será terceirizada. Além de casos de dengue, a idéia é atender a pacientes de outras unidades de saúde do Rio e da Baixada, para internações e exames. O hospital tem 298 leitos, conta com 40 mil metros quadrados e cinco andares. E custou à prefeitura R$77 milhões.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio), em parceria com a Secretaria municipal de Saúde, vai oferecer apoio às escolas particulares que desejarem ensinar aos alunos a combater o mosquito da dengue. Algumas instituições já incluíram o tema nos debates em sala de aula, mas o objetivo da entidade é estimular os colégios para que elaborem e desenvolvam atividades envolvendo também os pais, os funcionários e toda a vizinhança.

Presidente do Sinepe-Rio, o educador Edgar Flexa Ribeiro lembra que as escolas têm independência para fazer sua programação. Mas, segundo ele, se os cerca de 1.800 colégios filiados ao sindicato aderirem á campanha, mais de 500 mil pessoas poderão receber mais informação sobre como evitar a doença. As instituições que aderirem ao movimento vão receber cartazes informativos, cartilhas e folhetos educativos, produzidos pela Secretaria de Saúde:

- Os colégios podem realizar peças de teatro, gincanas, jornal mural, feiras de ciência. Podem também organizar as crianças para que elas identifiquem possíveis focos do mosquito dentro da própria escola.

No Colégio A. Liessin, filiado ao Sinepe-Rio, os alunos já estão participando de campanhas de conscientização, mas a escola pretende ampliar as orientações de combate à dengue. Já na Escola Parque, crianças do ensino fundamental aprenderam ontem a fazer armadilhas para pegar mosquito e os funcionários assistiram a palestra sobre a doença e estão participando de mutirões de limpeza para acabar com focos.

Chafariz vira foco na Praia de Botafogo

Na Praia de Botafogo, em frente à Fundação Getúlio Vargas (FGV), um chafariz desativado virou foco de dengue. Segundo quem passa pelo local, o problema se arrasta há muitos meses. Nem mesmo com a explosão de casos da dengue a prefeitura buscou uma solução para a água parada no local. A poucos metros dali, a cobertura de um ponto de ônibus também se apresenta como um lugar ideal para a proliferação do mosquito.