Título: Falta leito para quem precisa ser internado
Autor: Alves, Maria Elisa; Magalhães, Luiz Ernesto
Fonte: O Globo, 28/03/2008, Rio, p. 18

Hospitais públicos, superlotados, já recusam quem não está com dengue

A Central de Regulação de Leitos do estado já não consegue absorver a demanda de pacientes com dengue. Ontem, na tenda de hidratação montada pelo governo estadual em Santa Cruz, seis pessoas com a doença precisavam ser internadas, mas apenas duas tinham conseguido vagas em hospitais até o fim da tarde. Segundo a assistente social da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, onde a tenda está instalada, cinco pessoas com outros problemas de saúde também aguardavam transferência, mas os hospitais estão recusando quem não está com dengue, por estarem superlotados.

Flávio Rabelo levou, na quarta-feira, seu filho Matheus Vilela, de 10 anos, para ser hidratado na unidade. Ontem voltou, mas os médicos constataram que o número de plaquetas do menino estava baixo e que ele precisava ser internado.

- Estamos aqui desde as 9h. Já são 16h e até agora não conseguiram um leito para o meu filho - lamentou Flávio.

Ontem, cerca de 90 pessoas tinham procurado a tenda até as 16h. Na quarta-feira foram 254 atendimentos. A espera na fila, segundo a major Ana Ciarlini, durava em média uma hora e meia para crianças e duas horas para adultos. Mas alguns pacientes afirmaram que a demora era maior.

- Já estou quatro horas esperando para entrar na tenda. Fora a fila para passar pela triagem na UPA - reclamou Solange Brandão, sentada no chão, à espera de atendimento para as duas filhas, Taiane e Tainá, de 8 e 11 anos.

Na tenda de hidratação de Campo Grande, que fica na UPA do bairro, 50 pessoas foram atendidas até as 18h. Na quarta, o número chegou a 103. No fim da tarde, a espera na fila não passava de 15 minutos, mas algumas pessoas que chegaram a tarde afirmaram que esperaram mais de quatro horas por atendimento.