Título: Mantega: financiamento cresce de forma sólida
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 28/03/2008, Economia, p. 29

Depois de reunião com montadoras, ministro diz que operações são prudentes

SÃO PAULO. Um dia depois de se reunir com os presidentes dos principais bancos de varejo do país, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o crédito no país tem crescido de "forma sólida" e sem riscos para a inflação ou para o equilíbrio do mercado interno.

- Os bancos não estão alavancados, e as operações são aprovadas com prudência. Não existe crédito a esmo - afirmou o ministro, depois de participar em São Paulo de reunião com executivos das montadoras instaladas no país.

Mantega disse ter recebido, dos bancos e também das montadoras, informações de que os financiamentos de longo prazo (fonte de preocupação para o governo) são residuais.

- O crédito tem crescido de forma sólida. Foram tomados cuidados que não existiram em outros países - afirmou ele, numa referência à explosão do mercado de hipotecas de alto risco nos EUA que, agora, enfrenta uma crise de inadimplência.

Ainda assim, o Banco Central estuda medidas para conter a elevação do crédito, como redução de prazos, limitação da rolagem de dívida no cartão de crédito e taxação do leasing com IOF. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), Rafael Cardoso, disse ontem não acreditar que o BC imporá restrições adicionais às operações do setor. Segundo ele, desde o início do ano as empresas de leasing passaram a recolher uma espécie de depósito compulsório sobre os recursos captados com a emissão de debêntures, instrumento com que lastreiam suas operações. Até janeiro de 2009, disse, os recursos recolhidos a esse compulsório junto ao BC devem chegar R$64 bilhões, ou 40% da captação total da operação de debêntures das empresas, que chegou a R$160 bilhões.

Cardoso entende ainda que há certa precipitação das autoridades econômicas em adotar medidas para restringir o consumo no país, particularmente o de veículos. A redução de prazos dos financiamentos, outra medida em estudos, segundo ele, seria "um retrocesso" e criaria problemas sérios para a indústria, com efeitos negativos para a produção e para o emprego.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) informou que, como essas informações estão no "campo das hipóteses", não iria se pronunciar. (Aguinaldo Novo e Lino Rodrigues)