Título: Subprime, no Brasil, seria caloteiro
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 28/03/2008, Economia, p. 33

Segundo Lula, estatal venezuelana pode abrir postos de gasolina no país

RECIFE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no Fórum de Negócios Brasil-México, em Pernambuco, que está atento para que a crise americana não contamine o Brasil e deu "graças a Deus" pelo sistema de crédito brasileiro não estar envolvido com subprime, as hipotecas de alto risco americanas que estão na origem da crise dos EUA.

- Graças a Deus, o sistema financeiro não está envolvido no subprime. Lá eles falam subprime, se fosse aqui no Brasil era caloteiro, aqui no Brasil nós avacalhamos tudo logo. Então, nós estamos de olho para que o Brasil e os países que estão crescendo na América Latina não sejam vítimas da crise americana.

Lula disse que seu governo recuperou a credibilidade que o Brasil vinha perdendo e que os países que estavam "quebrados" nos anos 90 são os que apresentam hoje grandes índices de crescimento.

- Passei 30 anos xingando o Delfim (Netto, ex-ministro da Fazenda, que se encontrava na platéia) e falando mal do FMI. Peguei até uma bursite de tanto carregar faixa. Mas hoje não precisamos mais dele (do FMI) porque temos sólidas reservas - disse o presidente. - O que precisamos é manter empresários com auto-estima forte e ficar de olho na crise americana.

O presidente disse ser necessário enfrentar desafios para aumentar a quantidade de produtos negociados entre Brasil e México, sugeriu a criação de uma terceira empresa, entre Petrobras e a estatal mexicana Pemex, e deu mais um passo para eliminar os impasses que têm atrapalhado o projeto na refinaria Abreu e Lima com a PDVSA. Ele disse que a estatal venezuelana poderá abrir postos de combustíveis no Brasil.

Lula afirmou ainda que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi o "pacificador" do conflito entre Colômbia e Equador, motivado por uma operação militar colombiana em território equatoriano.

- Durante vários dias, a imprensa de todo o mundo falou de guerra entre Colômbia e Venezuela, e o grande pacificador do conflito entre Colômbia e Equador foi o próprio presidente Chávez. (Letícia Lins)