Título: TCU não pediu devassa nos gastos de FH
Autor: Camarotti, Gerson; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 31/03/2008, O País, p. 3

Tribunal só apontou pagamentos irregulares em gastos do governo atual

BRASÍLIA. Citados pela ministra Dilma Rousseff para justificar a devassa nos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a auditoria e o acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovados em 2006 não fazem ressalva ao período do governo passado nem pedem investigação. Ao contrário, apontam pagamentos em duplicidade na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acórdão 230/2006 pede ressarcimento de valores pagos a mais no aluguel de carros usados na segurança de Luriam Cordeiro, filha de Lula, chama a atenção do valor pago pela comitiva do vice-presidente José de Alencar, no Rio, no carnaval de 2005 e pede transparência na justificativa de gastos estranhos com cartão corporativo. Sugeriu que a Presidência montasse um sistema de pesquisa de preços de hotel e locação de veículos para evitar gastos vultosos.

Sobre a locação de veículos para segurança de familiares do presidente da República em Florianópolis (SC), de janeiro de 2004 a julho de 2005, o levantamento mostrou exagero nos preços e duplicidade de pagamentos. Foi constatado uso de uma mesma nota fiscal para justificar mais de uma locação, ou locação de um mesmo veículo em períodos superpostos. Em um ano e meio, só com aluguel de carros, os gastos foram R$400 mil. A prestação de contas feita pela Secretaria de Administração da Presidência foi rejeitada pelo TCU.

O acórdão pede, sem retroagir a 2002, e sim para impedir problemas futuros, que a Secretaria de Administração indique a finalidade das despesas com o cartão. O ministro Ubiratan Aguiar afirmou ontem ao GLOBO:

- Recomendamos ações preventivas. Encaminhamos à Secretaria de Administração o resultado, para que as falhas sejam corrigidas no futuro. O objetivo era contribuir para maior controle no uso do cartão - disse Aguiar, confirmando a posição do TCU que negou o pedido de devassa nos gastos de Fernando Henrique.