Título: Hospitais particulares também ficam lotados
Autor: Duran, Sergio
Fonte: O Globo, 31/03/2008, Rio, p. 10

Unidades contratam mais médicos

Longe da epidemia da Zona Oeste, os números da dengue na Zona Sul crescem silenciosamente e já estão obrigando hospitais particulares da região, lotados, a contratar mais médicos e a criar protocolos específicos para atender os pacientes com a doença. Desde o início do ano, a Secretaria municipal de Saúde registrou 1.439 casos da doença na área, contra 161 no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento acima de 700%. Isto sem falar da subnotificação.

Diante do aumento de casos, os hospitais particulares tentam evitar o mesmo caos encontrado na rede pública. O Hospital São Lucas, por exemplo, até mudou suas instalações para criar uma ¿unidade de dengue¿, com leitos separados e cinco poltronas para hidratação, semelhantes às das tendas instaladas pelo governo do estado e pelas Forças Armadas.

Com um aumento de mais de 20% no movimento de sua emergência, o São Lucas adotou ainda medidas como suspender alguns atendimentos ambulatoriais ou cirurgias eletivas para direcionar espaço e pessoal para a emergência e disponibilizar mais leitos para internação. Todo um esforço para o tempo de espera não passar de uma hora. O Hospital São Lucas e o Cardiotrauma de Ipanema, que são da mesma rede, registraram este ano 3.275 casos de quadro clínico sugestivo de dengue.

No Hospital Copa D¿or, o movimento também tem sido muito maior do que o normal.

¿ Só na segunda-feira recebemos 420 pessoas na emergência, número muito acima da média, que gira em torno de 240 atendimentos ¿ diz o cardiologista Marcelo Franco, chefe da emergência do Copa D¿or.

Apesar dos esforços dos hospitais para atender melhor, nem sempre os pacientes esperam pouco. Morador de Copacabana, da Rua Barata Ribeiro, Marco Antônio da Cunha, de 57 anos, disse ter ficado duas horas no São Lucas, entre ser atendido e receber o resultado do exame de sangue. Ele contou que os sintomas surgiram na última segunda-feira e que o local onde mora está infestado de mosquitos.

Os piores indicadores da Zona Sul são registrados, em Copacabana, onde houve, este ano, 259 casos. Em seguida, estão Rocinha, com 255; Botafogo, 147; Laranjeiras, 95; Leblon, 79; Catete, 78; Flamengo, 62; e outros bairros com menor taxa de incidência. Em último lugar, está o Cosme Velho, com oito casos notificados de suspeita de dengue.