Título: FH cobra demissão de Erenice Guerra
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 29/03/2008, O País, p. 10

Dona Ruth diz ter ficado indignada com exploração política dos gastos

SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a demissão da secretária-executiva do ministério, Erenice Guerra, apontada como a responsável pela elaboração de um dossiê com informações sobre os seus gastos pessoais e os de sua mulher, Ruth Cardoso. Com a ressalva de que tem respeito por Dilma, a quem chamou de "uma pessoa que tem luta", Fernando Henrique disse acreditar que a ministra pode ter sido enganada, e que só uma punição severa evitaria a politização do caso.

- Não creio que ela (Dilma) tenha telefonado para enganar a Ruth. Ela deve ter sido enganada. Agora, corresponde a ela mostrar que foi enganada e demitir quem fez isso (...) Acho que isso resolve para evitar politização - disse o ex-presidente, em entrevista ao programa "Em Questão", da TV Gazeta, que vai ao ar domingo à noite.

"Dinheiro público jamais foi usado em benefício próprio"

Na última segunda-feira, Dilma ligou para a ex-primeira-dama, a quem garantiu que o governo não havia montado qualquer dossiê.

Ruth Cardoso disse ontem ter ficado indignada com a exploração política que o governo está fazendo dos gastos pessoais dela, do ex-presidente e de seus familiares. Sem citar o nome de Dilma ou de Erenice, dona Ruth disse, em nota, que na sua época "o dinheiro público jamais foi usado em benefício próprio (...) Mais do que isso, nunca tais gastos foram sigilosos. As despesas eram abertas e todas essas contas já foram aprovadas pelos órgãos competentes".

Segundo dona Ruth, as despesas são justificadas. " Recebi, com indignação, a tentativa de exploração de gastos de representação como se fossem pessoais, sigilosos, não autorizados ou não aprovados. O exercício de atividades oficiais e protocolares, em geral em compromissos externos, compreende despesas de locomoção, hospedagens, recepções a visitantes estrangeiros e outros itens de representação. Nesses casos, são autorizadas as despesas próprias do exercício da função".