Título: Domicílios beneficiados têm mais jovens
Autor: Martin, Isabela; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 29/03/2008, O País, p. 20

IBGE colheu dados sobre três programas

O perfil dos beneficiados pelos programas de transferência de renda mostra alguns indicadores da vulnerabilidade social a que esse grupo está submetido. São famílias com mais moradores, mais jovens e pessoas com menos anos de estudo. As crianças e adolescentes até 17 anos representavam 46,1% dos moradores dos domicílios incluídos nos programas sociais. Essa faixa etária representa 31,6% no total da população e 26,8% nos domicílios onde não houve recebimento de programas sociais.

A pesquisa abordou, além do Bolsa Família, o Benefício Assistencial de Prestação Continuada (BPC) e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

Os domicílios beneficiados por esses programas têm taxas de analfabetismo mais altas - que caíram em comparação com 2004. Já a freqüência à escola, exigência para recebimento do Bolsa Família, foi o indicador que menos se alterou na comparação entre o total de domicílios (97,6%), os que recebem programas sociais (97,2%) e os que não recebem (97,9%).

No grupo que recebe programas sociais, ainda há, portanto, 2,8% de crianças e adolescentes de 7 a 14 anos fora da escola, na idade em que o ensino é obrigatório. Em números absolutos, são 311 mil alunos longe dos bancos escolares. Também no grupo beneficiado pelos programas sociais, 20,8% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão fora da escola - o equivalente a 718 mil pessoas. A pesquisa não analisa se houve redução da defasagem escolar ou melhora do rendimento.

Entre os domicílios beneficiados com programas de transferência de renda, 67,9% da população é de pretos e pardos; entre os que não houve recebimento de programas sociais, 43,4% da população é de pretos e pardos.

De cada dez domicílios beneficiados com programas sociais, em seis a renda mensal per capita era inferior a meio salário mínimo - o que confirma a faixa mais pobre da população como foco dos projetos de transferência de recursos. De acordo com o IBGE, 25,1% dos domicílios tinham renda mensal per capital inferior a 1/4 de salário mínimo; em outros 36,5%, ia de 1/4 a 1/2 salário mínimo. Outros 28% tinham renda de meio a um salário mínimo. Em apenas 8,5% dos domicílios a renda ia de um a dois salários mínimos.(Fernanda da Escóssia)