Título: Mata-mosquitos fazem passeata no Centro
Autor: Berta, Ruben
Fonte: O Globo, 29/03/2008, Rio, p. 27
O "AEDES" ATACA: Agentes da Funasa foram enviados para trabalhar em outras cidades da Região Metropolitana
Sindicato da categoria afirma que município do Rio não quis 3.200 profissionais para apoiar combate à dengue
O Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Combate a Endemias e de Saúde Preventiva (Sint-Saúde) promoveu uma passeata na manhã de ontem, no Centro do Rio, para protestar contra a política da prefeitura de combate à dengue. Cerca de 200 pessoas participaram da manifestação, que percorreu as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, terminando na Rua México, em frente à sede do gabinete de crise, formado para enfrentar a epidemia.
A entidade que organizou a manifestação reúne os profissionais conhecidos como mata-mosquitos, subordinados à Fundação Nacional de Saúde (Funasa). De acordo com o secretário-geral do Sint-Saúde, Sandro Cezar, o Rio teria direito a contar com 3.200 profissionais filiados ao sindicato trabalhando atualmente na cidade. Isso só não aconteceu, segundo ele, porque a prefeitura não quis a colaboração dos mata-mosquitos no combate à dengue.
- O Rio teria direito aos profissionais, cujos salários são bancados pelo governo federal, mas a prefeitura não quis o apoio. Com isso, todos foram deslocados para outros municípios da Região Metropolitana - afirmou Cezar.
O prefeito Cesar Maia disse, por e-mail, que "o estilo de trabalho (da prefeitura) é diferente". Ele completou afirmando que "a Baixada precisa muito deles (mata-mosquitos), até pela afinidade politica".
O protesto começou por volta das 10h30m e durou cerca de uma hora e meia. Nos cartazes, ataques ao prefeito Cesar Maia e lembranças dos mortos pela doença. "O Rio chora pelos seus filhos que foram vítimas da dengue", dizia uma faixa preta. Alguns manifestantes vestiam fantasias de mosquito.
Os mata-mosquitos da Funasa foram contratados pela primeira vez pelo governo federal em 1991. Em 1999, com a chegada de José Serra ao Ministério da Saúde, eles foram dispensados. Após a demissão, os profissionais iniciaram uma série de protestos pedindo a reintegração, além de entrarem na Justiça contra a União. Em 2003, foram recontratados, durante a gestão de Humberto Costa no ministério.