Título: FMI renova sistema de quotas e Brasil ganha mais peso nas decisões
Autor: Passos, José Meirelles; D"Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 29/03/2008, Economia, p. 46
País passará do 18º para o 15º lugar em poder de voto no Fundo
WASHINGTON e SÃO PAULO. O conselho de diretores executivos do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou ontem uma renovação na estrutura da instituição, realinhando seu sistema de quotas, alterando assim o nível de influência dos 185 países-membros em suas decisões. Dessa forma, o Brasil - que ocupa o 18º lugar em poder de voto - passará a 15º, se a resolução for aprovada pelos ministros da Fazenda de pelo menos 85% daquelas nações. O prazo para isso é o dia 28 de abril.
O Brasil foi o quarto país mais beneficiado pela mudança - depois de China, Coréia do Sul e Índia - graças a uma nova fórmula que dá maior peso ao produto interno bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos), e também leva em conta a paridade do poder aquisitivo. Os países emergentes, em geral, ganharam 2,7% mais de poder no Fundo.
Em termos brutos, o avanço brasileiro parece pequeno: de 0,31% na participação de votos para um total de 1,72%. O próprio diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que a mudança "não é suficiente". Ele disse que o sistema atual "nada tem a ver com a realidade", e que o novo "está mais próximo dela". E ponderou que o aspecto mais positivo da reforma é que há o compromisso de se fazer um realinhamento a cada cinco anos.
- O Brasil saltar de 1,4% para 1,7% não muda a face do mundo. Mas, por outro lado, se depois de cinco anos, de dez anos, o seu crescimento continuar no mesmo ritmo do atual, a mudança será realmente forte - disse.
O governo brasileiro, que há pelo menos dez anos vinha lutando para colocar tal reforma em pauta, ficou satisfeito.
- O que alcançamos agora é bastante próximo do que pretendíamos. Foi um primeiro passo significativo - disse ao GLOBO Paulo Nogueira Batista Jr., diretor do Brasil no FMI.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou como uma vitória a decisão do FMI:
- É uma vitória dos países em desenvolvimento, pois é resultado de um trabalho que vem sendo feito ao longo de anos.
O Brasil terá de integralizar US$2 bilhões à instituição, elevando para mais de US$12 bilhões o total de recursos que tem aplicado lá.
Mantega disse ainda que o Brasil continuará pleiteando mudanças à direção do Fundo.