Título: Caciques tucanos sofrem com falta de novos quadros em suas regiões
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 30/03/2008, O País, p. 4

Aécio, Tasso, Guerra e Virgílio devem apoiar candidatos de outras siglas

BRASÍLIA. O PSDB deve enfrentar uma situação inusitada nas eleições deste ano: seus principais líderes vão apoiar, ou preferiam apoiar, candidatos de outros partidos nas capitais de seus estados. É o caso dos três pré-candidatos tucanos à Presidência da República: José Serra, Aécio Neves e Arthur Virgílio. E de líderes como o presidente da legenda, senador Sergio Guerra (PE), e o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente da sigla. O PSDB tem candidatos competitivos em sete das principais capitais.

Na avaliação do cientista político Walder de Góes, no caso dos presidenciáveis, é visível que eles estão mais preocupados em pavimentar seus caminhos para 2010:

- É a sucessão presidencial aflorando nas eleições municipais. O PSDB não é o único atingido. Basta ver a decisão do governador Sérgio Cabral de apoiar o PT no Rio. Cada ator está assumindo estratégia própria, mas isso enfraquece os partidos. O PSDB corre o risco de se tornar um partido menos competitivo em 2010, abrindo espaço para o presidente Lula fazer o sucessor - adverte Góes.

O governador de São Paulo, José Serra, gostaria de se engajar na reeleição do prefeito Gilberto Kassab, do Democratas - partido aliado dos tucanos nas últimas quatro eleições presidenciais. Como os tucanos paulistas racharam, Serra poderá ser obrigado a apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin, que lhe tirou a vaga de candidato na eleição presidencial de 2006.

O governador de Minas, Aécio Neves, está empenhado em fechar aliança com o PT para garantir consenso em torno de seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda, do PSB. Isso reforçaria sua estratégia de se apresentar em 2010 não como um candidato anti-Lula, o que poderia lhe garantir votos preciosos entre os eleitores do presidente petista.

Jereissati deverá ficar sem candidato próprio em Fortaleza. Embora a legenda tenha três pré-candidatos, a tendência é apoiar a senadora Patrícia Saboya, do PDT. Ele rebate o raciocínio de que os tucanos não investem em novos quadros.

- Ciro (Gomes), Cid Gomes, Moroni (Torgan) e Patrícia, todos nasceram dos nossos quadros. Mas, quando crescem, querem seus espaços.

No Rio, opção por Gabeira em vez de nome próprio

No Rio, sem nome para a disputa, o PSDB fez aliança com PPS e PV para apoiar a candidatura do deputado federal Fernando Gabeira (PV). Em Recife, o PSDB patrocinou aliança com o PMDB, que lançará o deputado Raul Henri. Vai indicar o vice da chapa. Sergio Guerra diz, contudo, que a política do partido tem sido a de incentivar candidaturas próprias.

- A sociedade cobra renovação. Não podemos viver dos mesmos líderes a vida toda.