Título: Escolas receberão folhetos
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 30/03/2008, O País, p. 10

BRASÍLIA. Escolas da rede pública de 350 municípios, incluindo as 109 cidades mais populosas do país, vão receber nos próximos meses um guia com informações sobre prevenção da Aids e doenças sexualmente transmissíveis. O "Folheto do estudante" traz 11 perguntas sobre a vida sexual dos estudantes. Quem responde que já manteve relação sexual sem preservativo é orientado a procurar o sistema de saúde para decidir se é o caso de fazer ou não o exame de HIV.

Acompanha o folheto "Preciso fazer o teste do HIV/Aids?" o "Caderno das coisas importantes - Confidencial", espécie de diário, agenda e guia de informações sobre sexo, uso correto do preservativo e masturbação.

- É fundamental que os jovens passem por esse processo de conscientização. E a escola é o melhor lugar para isso. Sem hipocrisia, falando a língua deles - diz a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar.

A primeira edição da cartilha foi distribuída dois anos atrás. Segundo a secretária, os textos provocaram reação negativa de setores da Igreja. O MEC vai enviar 500 mil exemplares do "Caderno" e 300 mil do material pedagógico e dos folhetos.

A iniciativa faz parte do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, em parceria com o Ministério da Saúde, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O projeto foi lançado em 2003 e tem como desafio virar realidade no dia-a-dia das escolas, vencendo resistências e o descaso de diretores e professores que não vestem a camisa.

- Se o diretor e os professores não estiverem sensíveis, o negócio acontece de maneira burocrática. Por isso, sempre digo que enviar o material à escola sem uma sensibilização prévia não funciona - afirma Maria do Pilar.

Há duas semanas, o MEC reuniu representantes das 109 cidades mais populosas do país para tratar do assunto. Encontros regionais deverão ocorrer nas próximas semanas. O Censo Escolar de 2005 mostrou que apenas metade das escolas de educação básica no país desenvolviam atividades sobre Aids e DSTs. Desse total, apenas 9,1% disponibilizavam preservativos para os alunos.

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