Título: Situação é pior no RS
Autor: Vaz, Lúcio
Fonte: Correio Braziliense, 03/05/2009, Política, p. 7

A crise do setor de celulose não é exclusividade do Rio Grande do Sul, mas teve menor intensidade em outros estados e em outras empresas. A Suzano anunciou no final de março o prosseguimento dos investimentos florestais que abastecerão as fábricas do Maranhão e Piauí, com início de produção previsto para 2013 e 2014. Já a ampliação da fábrica de Mucuri (BA) foi adiada até o final do ano. A Votorantim, em compasso de espera no Sul, informa que manteve seu principal plano de expansão. A fábrica de celulose em Três Lagoas (MS), com capacidade para produzir 1,3 mil tonelada/ano, iniciou atividades em 30 de março. A Aracruz suspendeu a compra de terras e formação de florestas dos projetos Veracel 2 (BA) e de Minas, além da modernização da fábrica de Barra do Riacho (ES).

O diretor-executivo de Estratégias, Novos Negócios e Relações com Investidores da Suzano, André Dorf, explica por que a empresa não sentiu tanto a crise: ¿A gente exporta 80% da celulose. Ao passo que, no papel, 80% é vendido na região, na América Latina¿. A Suzano produz 1,7 milhão de toneladas/ano de celulose e 1,1 milhão de toneladas de papel. ¿O mercado de papel é muito mais estável. Os preços caíram entre 5% e 10% no mercado mundial, enquanto a celulose teve uma queda de 40%. Caiu de US$ 850 a tonelada para US$ 500¿. Mas ele observa que a desvalorização cambial atenuou essa queda. A relação do dólar com o real passou de 1,60 para 2,20. Dorf acrescenta que a empresa se preparou para a crise. ¿Quando percebemos que teríamos dias difíceis, no meio do ano passado, captamos mais recursos. Hoje, temos mais de R$ 2 bilhões em caixa¿.

Vendaval A presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth Carvalhaes, reconhece a gravidade da crise. ¿Perdemos 30% das exportações entre novembro e dezembro. Os preços caíram mais que 50%. Nós somos dependentes do mercado externo. E qual mercado externo? Desgraçamente, Europa, Estados Unidos e China, o epicentro da crise. Em janeiro, as linhas de crédito para o seguro exportação vieram a zero. Fizemos uma via- crúcis ao governo, pedindo financiamento. E anunciamos as postergações de investimentos.¿

Mas Elizabeth procura demonstrar otimismo: ¿Nós vamos mal, mas o mundo vai pior. Nossos investimentos foram postergados, mas a nossa margem para cancelar é menor. Tivemos um delay (atraso) de oito, nove meses, mas as notícias de março são boas. Está passando um vendaval, mas o setor está altamente estruturado¿.