Título: PMDB faz acordo para apoiar Luizianne Lins
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 01/04/2008, O País, p. 8

Peemedebistas, em troca, querem ajuda para eleger senador

FORTALEZA. A grande polêmica envolvendo a sucessão municipal em Fortaleza não é a possibilidade de aliança entre adversários no plano nacional, como ocorre em Belo Horizonte. Na capital cearense, PT e PSDB são como água e óleo. A incógnita cercava o partido mais cobiçado dessa disputa eleitoral, o PMDB. O que está em jogo é seu precioso tempo de televisão (cerca de 13 minutos) e sua estrutura (a maior entre todos os diretórios municipais, com 13 zonais). Todo esse patrimônio já tem parada certa. A menos que ocorra um terremoto político, o PMDB apoiará a reeleição da prefeita Luizianne Lins (PT). O acordo marca a primeira vitória na difícil batalha que a petista terá que enfrentar, com mais de meia dúzia de candidatos.

O acerto final, depois de uma difícil negociação, foi fechado em Brasília semana passada, durante almoço do qual participaram o presidente estadual do PMDB, deputado Eunício Oliveira, o do PT, Ilário Marques, e a prefeita Luizianne Lins. A petista teve que explicar uma declaração dada à imprensa local, há cerca de duas semanas, que desagradou muito à cúpula do PMDB. Perguntada se apoiaria a candidatura de Eunício para o Senado em 2010, a petista respondeu que não se planejava para mais de seis meses.

Declaração da prefeita retardou negociação

Integrantes da base aliada do presidente Lula, o PMDB e o PT também participaram da coalizão que elegeu o governador Cid Gomes (PSB). O partido queria deixar certa, desde já, a manutenção dessa aliança para 2010. O principal interesse dos peemedebistas é a disputa por uma das duas vagas de senador que serão abertas com o término do mandato de Tasso Jereissati (PSDB) e Patrícia Saboya (PDT). O nome do partido para entrar nessa briga é o de Eunício. Por essa razão, a declaração da prefeita irritou o PMDB e retardou as negociações em torno da aliança para a sucessão municipal de Fortaleza.

O anúncio oficial ainda não foi feito. Pode acontecer esta semana. Mas a provável aliança dá um pouco mais de clareza ao cenário da disputa, que poderá ser novamente polarizada entre Luizianne Lins e o ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM), que se enfrentaram no segundo turno em 2004.