Título: Menina morta ao cair de prédio tinha marcas de agressão
Autor: Rebello, Aiuri; Christiano, Cristina
Fonte: O Globo, 01/04/2008, O País, p. 9

Polícia suspeita que ela foi jogada do apartamento do pai

SÃO PAULO. A polícia descobriu que a menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, que morreu sábado ao cair do sexto andar de um prédio, apresentava outros três ferimentos, abertos e com sangue: na cabeça, na perna direita e na barriga. Segundo a polícia, que suspeita de que ela tenha sido jogada, eles não poderiam ter sido causados na queda.

A perícia encontrou marcas de sangue em três locais do apartamento do pai de Isabella, onde aconteceu o caso. Havia sangue na tela de proteção da janela do quarto, que foi cortada, no lençol da cama dela e no hall de entrada do apartamento.

Outro detalhe que chamou a atenção é o fato de a menina ter caído com a língua para fora ¿ habitual em caso de asfixia, fato que também seria indicado pela coloração da pele da criança.

¿ Não há nada concreto. Apenas uma das hipóteses, levantadas por um perito, de que, no vácuo da queda, a criança talvez já estivesse semimorta ¿ disse o delegado do 9ºDistrito, Calixto Calil Filho.

Foram colhidas amostras para identificar de quem é o sangue no apartamento. De Isabella, a polícia pediu exame toxicológico, sexológico, necroscópico e de DNA. Foram solicitados ainda exames toxicológico, de corpo de delito (para averiguar se têm ferimentos) e de sangue do pai, o consultor jurídico Alexandre Nardoni, de 29 anos, e de sua mulher, a estudante Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24 anos.

¿ Temos três averiguados: um deles é um suposto ladrão, que nem conheço mas que o pai afirma ter entrado no apartamento. Os outros são os moradores, por estarem mais próximos da criança ¿ disse o delegado.

Objeto usado para cortar rede não foi localizado

O apartamento e as roupas de Isabella foram periciados. A camiseta dela estava rasgada, o que pode indicar agressão. Foi pedida a análise dos dois carros do casal. O objeto utilizado para cortar a rede não foi achado.

Em depoimento, Alexandre afirmou que saiu da casa da sogra, em Guarulhos, às 23h de sábado, acompanhado da mulher e dos três filhos: Isabella e os irmãos, de 3 anos e 10 meses. Disse que, depois de entrar na garagem do edifício Residencial London, na região do Jaçanã, subiu com Isabella no colo, e a mulher ficou com as duas crianças, também dormindo, no carro.

Alexandre afirma que destrancou a porta, deixou a menina na cama dela e acendeu o abajur. Disse ter trancado a porta, descido à garagem e subido com a mulher e os outros filhos. Ele contou ter destrancado a porta e ido ao quarto da filha, cuja luz estava acesa. Não encontrou a menina e viu sangue no lençol e na rede de proteção da janela, que havia sido cortada. Ao olhar pela janela, viu a filha lá embaixo e desceu. Ele desconfia de que alguém invadiu o apartamento, rasgou a tela e arremessou a menina. A PM procurou no edifício e nos arredores, mas não encontrou suspeitos.

A família se mudou para o local em fevereiro. São quatro apartamentos por andar. No sexto, só o de Alexandre está ocupado. De acordo com o delegado, as câmeras do edifício apenas monitoram, não gravam. A reconstituição do crime só será feita quando houver mais detalhes do caso.

O corpo de Isabella foi enterrado ontem de manhã.

* do Diário de S.Paulo