Título: Quero que Lula nos ajude
Autor:
Fonte: O Globo, 01/04/2008, O Mundo, p. 26
SÃO PAULO. De passagem por São Paulo, Juan Carlos Lecompte, marido da ex-senadora Ingrid Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia e refém das Farc há seis anos, pediu maior envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos esforços para a libertação dos reféns da guerrilha. Ele se disse cético em relação às medidas do presidente Álvaro Uribe para facilitar a troca de reféns por guerrilheiros.
Ricardo Galhardo
Em vista das notícias sobre a saúde de Ingrid Betancourt o senhor tem esperança de um desfecho feliz para o seqüestro?
JUAN CARLOS LECOMPTE: Agora tenho mais esperança porque há um ano não havia nenhum tipo de esperança. Ingrid está muito doente e creio que a guerrilha vá libertá-la, do contrário ela morre. Este ano libertaram seis seqüestrados e à medida que levamos o problema para a comunidade internacional aparecem os resultados. Estas libertações ocorreram graças ao envolvimento de França, Argentina, Venezuela, Equador e Chile.
E o Brasil?
LECOMPTE: Quero que o governo Lula nos ajude porque o Brasil é a potência da América Latina. É muito importante neste momento crítico, em que Ingrid está mal, que o Brasil se envolva. É importante o que Lula pode dizer ao presidente da Colômbia e também à guerrilha. Seria um mediador excelente.
O senhor já falou sobre isso com Lula?
LECOMPTE: Já estive com Sarkozy (França), Correa (Equador), Chávez (Venezuela), Bachelet (Chile), Cristina Kirchner (Argentina), mas com Lula está difícil.
O senhor tentou uma audiência com Lula?
LECOMPTE: Tentei, por meio do Partido Verde, há uns quatro anos, mas só consegui falar com um ministro e com José Sarney (então presidente do Congresso). O governo brasileiro está demorando a se envolver e o momento é agora.
O incidente entre Equador e Colômbia mudou algo?
LECOMPTE: Sim. Se não tivessem matado Raúl Reyes, Ingrid estaria livre e outros reféns também.
Como avalia as medidas de Uribe para facilitar a troca de reféns por guerrilheiros?
LECOMPTE: Uribe está lavando as mãos. Estas medidas são mais para a opinião pública pensar que o governo está fazendo algo. Um passo grande seria a desmilitarização de algumas províncias, como querem as Farc.