Título: Camponeses viram Ingrid com vida há 4 dias
Autor:
Fonte: O Globo, 01/04/2008, O Mundo, p. 26
Ex-senadora precisaria de transfusão de sangue. Governo brasileiro nega ter sido avisado por Colômbia sobre as Farc
SÃO PAULO, BRASÍLIA e BOGOTÁ. A ex-senadora Ingrid Betancourt foi vista com vida nos últimos dias por moradores de El Retorno e El Caracol, no departamento de Guaviare. Mas o estado de saúde da refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) seria muito grave. Rádios afirmam que ela necessita de transfusão de sangue e que foi tratada com medicamento para parada cardíaca.
Segundo o jornal "El Tiempo", Ingrid foi vista por um camponês em 23 de março em El Retorno. "Ele (o camponês) tocou sua mão e tentou animá-la porque estava muito deprimida", disse a fonte. Ingrid estaria recusando alimentos e remédios.
Outras testemunhas contaram à Rádio Caracol que Ingrid foi atendida em postos em La Carpa e El Capricho. De acordo com elas, nos dias 2 e 3 de março a ex-senadora recebeu um medicamennto chamado Atropina, para reanimação de pacientes com parada cardíaca. E teria estado no dia 28 na aldeia El Caracol, perto do posto de saúde de La Carpa. Segundo a rádio, ela precisaria urgentemente de uma transfusão de sangue.
Equador entra com demanda contra Colômbia em Haia
Brasília negou ontem ter recebido alertas da Colômbia sobre a presença de integrantes das Farc, como publicou "El Tiempo". O ministro da Justiça, Tarso Genro, assegurou que a guerrilha não atua no Brasil.
- Não há informação da existência de acampamentos ou operação das Farc em território nacional - disse.
Segundo ele, existe a troca de informações entre a Polícia Federal brasileira e a polícia colombiana. Mas esses contatos nunca resultaram em dados concretos sobre a presença dos guerrilheiros agindo no Brasil.
- O que existe é a eventual entrada de integrantes das Farc desarmados para fazer compras. Mas se isso ocorrer é porque o colombiano está com documentos em dia e atravessou a fronteira com o conhecimento da polícia de lá - afirmou.
O coordenador de Operações Especiais de Fronteira da Polícia Federal, Mauro Spósito, também afirmou nunca ter recebido os alertas. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) negou que tenha recebido qualquer aviso.
O Equador apresentou na Corte Internacional de Justiça, em Haia, demanda contra a Colômbia por fumigações aéreas sobre cultivos de coca na fronteira. Segundo a chanceler María Isabel Salvador, há provas de que as aspersões "ultrapassaram a fronteira", afetando a saúde de pessoas. O governo colombiano, por sua vez, revelou que um helicóptero militar equatoriano invadiu seu espaço aéreo na manhã domingo.
COLABORARAM Ilimar Franco e Jailton de Carvalho