Título: Vazamento de gás na Câmara impede até debate sobre MP
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 02/04/2008, O País, p. 9

Incidente provoca interdição de dois anexos da Casa

BRASÍLIA. Um vazamento de gás no Departamento Médico da Câmara interditou, durante a tarde de ontem, dois prédios da Casa e interrompeu o trabalho das comissões temáticas. Entre elas, uma reunião da bancada do PT e outra que discutia o relatório do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) sobre a mudança no rito das medidas provisórias. O parlamentar chegou a ler o texto da proposta, e a comissão já havia aprovado o pedido de vista conjunto, adiando a votação. Mas o debate foi cancelado porque os seguranças determinaram o esvaziamento das salas.

O cancelamento do debate foi anunciado pelo presidente da comissão especial, Cândido Vacarezza (PT-SP). Os presentes já sentiam os efeitos do gás, como coceira na garganta e irritação nos olhos. O líder do PT, Maurício Rands (PE), tentou manter o bom humor:

- O vazamento saiu lá da Casa Civil para cá?! - perguntou, em referência ao dossiê feito na Casa Civil contendo gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Chinaglia pedirá à PF que investigue incidente

Não houve tumulto durante o esvaziamento das salas. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou que encaminhará pedido à Polícia Federal para periciar e identificar as causas do vazamento. Na presidência da sessão, Chinaglia informou que anteontem foram instalados novos equipamentos que usam gás no Departamento Médico da Câmara, mas a empresa que os instalou negou que sejam a causa do incidente.

A assessoria da Casa disse que três funcionários apresentaram sintomas de intoxicação, como náuseas e tonturas. Três carros do Corpo de Bombeiros foram acionados para descobrir a fonte do vazamento. No fim da tarde, os dois anexos interditados - o III onde funcionam os restaurantes e gabinetes e o II, onde funcionam as comissões - já haviam sido liberados.

Apesar do vazamento, a Câmara votou em plenário uma medida provisória. Acordo fechado ontem entre governo e oposição permitirá a desobstrução parcial dos trabalhos da Câmara, com a votação de três das 13 MPs que trancavam a pauta esta semana. As conversas continuam, principalmente em torno do relatório Picciani, que põe fim no trancamento obrigatório da pauta pelas MPs.

O texto garante pelo menos 45 dias para que o Senado analise uma MP e mais dez para a Câmara apreciar as alterações feitas pelos senadores, ampliando, na prática a vigência de 120 dias (hoje) para até 175 dias.