Título: EUA: biocote olímpico no congresso
Autor: Scofield Jr, Gilberto
Fonte: O Globo, 02/04/2008, O Mundo, p. 29

Deputado apresenta projeto que proíbe Bush de participar de cerimônia de abertura em Pequim

WASHINGTON e PEQUIM. A Câmara de Representantes dos EUA recebeu ontem um projeto de lei para impedir que o presidente americano, George W. Bush, participe da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em protesto pela repressão do governo chinês no Tibete, revelou ontem uma fonte do Congresso. A medida foi apresentada pelo deputado republicano Thaddeus McCotter, um dia depois de a presidente da Casa, a deputada democrata Nancy Pelosi, ter sugerido a Bush que considerasse boicotar a cerimônia. Segundo um assistente de McCotter, a moção apresentada por ele obteve o apoio de vários parlamentares.

O Ministério do Exterior da China reagiu à sugestão de Pelosi, reafirmando que as Olimpíadas não devem ser usadas para fins políticos.

¿ Se não participarem (da cerimônia), será o mesmo que abandonar a família olímpica. Vai minar seus próprios interesses ¿ disse um porta-voz do ministério chinês.

Ontem, o porta-voz do Escritório de Segurança Pública do governo chinês, Wu Heping, acusou ¿forças independentistas tibetanas¿ de planejarem usar ¿monges suicidas¿ em ataques contra o povo chinês, ao estilo fundamentalista islâmico. Wu Heping disse que os ataques estariam sendo planejados pelo governo do Tibete no exílio em Dharamsala, na Índia, provavelmente com o conhecimento do líder espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama. Mas o porta-voz não apresentou provas.

As acusações foram recebidas com ironia e um pouco de desconfiança pelo governo tibetano na Índia. O primeiro-ministro tibetano no exílio, Samdhong Rinpoche, afirmou que o complô chinês não faz o menor sentido e que os tibetanos, mesmo os mais impacientes com a política de conciliação do Dalai Lama com Pequim, ¿estão comprometidos com soluções pacíficas¿.

Oposição tibetana teme ataques forjados

Segundo Rinpoche, a comunidade do Tibete no exílio teme que a China esteja planejando atacar sua própria comunidade de etnia han ou tibetanos com agentes disfarçados de monges, para desacreditar o Dalai Lama e manipular a opinião pública, como acusa Pequim de vir fazendo até agora. Desde que os conflitos no Tibete começaram, em 10 de março, a China vem usando sua mídia estatal para mostrar a sociedade tibetana como cruel e primitiva antes da invasão chinesa, em 1950.

O ¿Diário do Povo¿ ¿ porta-voz do Partido Comunista Chinês e um dos proponentes da tese conspiratória de que a mídia estrangeira estaria desestabilizando o país, para estragar a festa das Olimpíadas, em agosto ¿ disse em editorial ontem que as pessoas que decidirem protestar contra os Jogos estarão ofendendo o povo chinês.

(*) Com agências internacionais