Título: Oposição quer apagar seus erros com nova CPI
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 06/04/2008, O País, p. 12

Parlamentares admitem que foi equívoco concordar com criação de comissão mista proposta por líder do governo

BRASÍLIA. Ao ressuscitar a idéia de uma CPI exclusiva no Senado para investigar o uso dos cartões corporativos e o caso do dossiê anti-tucanos, os líderes da oposição subiram à tribuna com um discurso ensaiado: a comissão mista, instalada há três semanas, foi condenada ao fracasso pelo rolo compressor do governo. No Senado, onde a correlação de forças é mais equilibrada, haveria espaço para quebrar sigilos e apontar culpados pelo mau uso do dinheiro público. Faltou dizer o que parlamentares do PSDB e do DEM já admitiam reservadamente desde as primeiras derrotas: a abertura de uma nova CPI é a chance de passar a borracha sobre a longa série de erros cometidos desde o início do escândalo.

Para esses oposicionistas, o pecado original foi aceitar a criação da CPI mista - não por acaso, proposta pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Com ampla maioria entre os deputados, que compõem metade da comissão, a bancada governista não teve dificuldades para impedir a abertura dos gastos sigilosos da Presidência e a convocação da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Diante da blindagem do Planalto, restaria usar os números divulgados pelo Portal da Transparência e mirar em alvos menores, como o ministro do Esporte, Orlando Silva, e a ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro.

- Se for só para analisar os dados que já estão aí, qualquer técnico do Congresso é mais competente que os deputados e senadores - disse, logo no início, a presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).

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