Título: Líderes contam com reforço dos piauienses
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 06/04/2008, O País, p. 13

Potenciais candidatos à Presidência fazem oposição light

BRASÍLIA. Quando o governo cochila no Senado, Arthur Virgílio e Agripino Maia, sempre atentos, aproveitam a ocasião para arranhar a imagem palaciana, embora saibam que derrubar a popularidade de Lula é um trabalho hercúleo. Foi o que aconteceu também na quinta-feira, quando, aproveitando-se de que senadores da base aliada haviam se retirado do plenário, os dois exigiram do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que lesse o requerimento de instalação da CPI do Cartão exclusiva no Senado. Garibaldi prometeu fazê-lo na próxima terça-feira, para aborrecimento do governo.

Os líderes do PSDB e do DEM contam com o reforço dos senadores piauienses Heráclito Fortes (DEM) e Mão Santa (PMDB). Heráclito, com seu estilo irônico, não perde oportunidade provocar a líder do PT, Ideli Salvatti. Provoca tanto que, às vezes, vira motivo de brincadeiras no plenário. Como quando repetidas vezes falou do visual da senadora mais magra e com cabelo diferente, há mais de um ano. Mão Santa, por sua vez, tem um estilo mais grosseiro, chegando a incomodar os próprios colegas de oposição.

Outras figuras de destaque dos partidos de oposição no Senado, como Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sergio Guerra (PSDB-PE), têm tido uma atuação mais discreta. Tasso estava mais empenhado nessa função até ano passado, mas este ano deu uma sumida. Pedro Simon (PMDB-RS), outra voz da oposição, já não é mais o mesmo.

Na Câmara, esforço para manter oposição unida

Na Câmara, onde Lula tem maioria folgada, a oposição tem apostado em vozes mais novas. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), que no passado ameaçou, do alto de cerca de 1,65m de altura, dar uma surra no presidente, agora esgoela-se para manter a oposição unida - sabe que precisa fazer isso todos os dias para evitar que seus liderados caiam nos encantos oferecidos pelo governo, que não são poucos.

Na CPI do Cartão, às vezes sem nada falar, deputados da oposição conseguem irritar o governo. É o caso de Vic Pires (DEM-PA), que na semana passada ofereceu sorvete de tapioca aos colegas, numa alusão à tapioca comprada pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, com dinheiro público. Quando perceberam que havia "pimenta" no sorvete, os governistas não podiam fazer mais nada: já haviam engolido a guloseima em frente aos fotógrafos.

Para os aliados do governo, a oposição vive o momento de cão que ladra, mas não morde. Exercita o direito ao verbo, mas sua voz não tem sido ouvida pela população. E é de olho nos votos dessa população satisfeita com o governo Lula que os potenciais candidatos da oposição a presidente em 2010 fazem oposição light. Não pensam em integrar a nova "banda de música" da política brasileira.