Título: Pequena banda tenta fazer barulho contra Lula
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 06/04/2008, O País, p. 13

Diante da alta popularidade do presidente, oposição se resume às vozes de poucos líderes no senado e na Câmara

BRASÍLIA. A oposição, que sonha em ter voz ativa nas eleições de 2010, vive um paradoxo. Enquanto seus líderes no Congresso estão roucos de falar alto contra o governo, que faz ouvidos moucos, preferindo escutar os altos índices de popularidade do presidente Lula, os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), principais postulantes ao Palácio do Planalto daqui a dois anos, permanecem quietos, calados, evitando confronto com o atual presidente. E, em nome do pragmatismo político, em Minas Gerais até mesmo o que parecia impossível pode acontecer: uma união entre PT e PSDB em torno de um objetivo comum - conquistar a prefeitura de Belo Horizonte para um aliado.

O PSDB e o DEM ainda ancoram-se em velhos líderes para tentar se fazer ouvir. Como na antiga "Banda de música" da UDN - nome dado a um grupo de políticos, sobretudo mineiros e fluminenses, do extinto partido, com Carlos Lacerda à frente, que fazia oposição ferrenha ao governo nos anos 50 - Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (DEM-RN) revezam-se na tribuna e nas entrevistas para criticar o governo, cobrar explicações, ou dar murro em ponta de faca - como provocam governistas.

Às vezes afinados, outras nem tanto, e até em ritmos bem diferentes, os dois têm domínio da palavra e controle emocional para dar respostas e fazer questionamentos implacáveis. Na quinta-feira, por exemplo, instado pelo deputado Silvio Costa (PMN-PE), da tropa de choque do governo, a trocar o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) da CPI do Cartão Corporativo, "em nome da ética", Virgílio foi rápido e curto, inibindo o interlocutor:

- Em nome da ética, mantenho o senador.