Título: Tarso diz que Dias tem de explicar de onde surgiu dossiê
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 04/04/2008, O País, p. 10

Para ministro, suposto envolvimento do tucano "inverte a mão".

RIO GRANDE (RS). Sem esconder o alívio com o fato de que o dossiê com informações sobre gastos no governo de Fernando Henrique Cardoso teria saído das mãos do senador tucano Álvaro Dias, o ministro da Justiça, Tarso Genro, procurou usar a informação para tirar o governo do alvo da artilharia oposicionista. Para o ministro, o possível envolvimento de Dias no vazamento "inverte a mão" das acusações, até então concentradas em Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, onde os dados foram levantados.

- A síntese que se pode fazer é a que já está sendo feita pela base do governo. Inverte a mão. Quem reconheceu um documento agora tem que explicar de onde ele veio para que a CPI possa acompanhar o roteiro do aparecimento desse documento e, então, poder responsabilizar quem vazou - disse Tarso Genro, em cerimônia ontem ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, onde foram anunciados investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em obras na região portuária.

Tarso diz que situação de Dilma já estava "suave"

Indagado se a nova informação suavizaria a situação da ministra, cuja secretária-executiva, Erenice Guerra, teria sido a responsável pelo levantamento dos dados, Tarso tratou o assunto com humor.

- Não suaviza porque a situação da ministra Dilma já estava suave - disse ele, que ontem dividiu espaço com a ministra nos três eventos que aconteceram no Rio Grande do Sul com a presença do presidente Lula.

Tarso e Dilma chegaram juntos, no mesmo veículo, à Plataforma (P-53) da Petrobras. Desceram do carro usando capacetes brancos e, sorridentes, acompanharam lado a lado a visita do presidente.

Aos jornalistas, Tarso Genro chegou a esboçar que não deveria falar a respeito do dossiê. Primeiramente, perguntado sobre o que achava a respeito das acusações contra o senador tucano, disse:

- Eu não acho nada. Sou ministro da Justiça, tenho a direção da Polícia Federal. E como ministro da Justiça, ministro de Estado, não devo participar do debate político que se dá no Parlamento, entre oposição e governo - disse, para em seguida, espontaneamente, cobrar responsabilidade de quem vazou os documentos à imprensa.

Dilma Rousseff nada comentou sobre o dossiê e permaneceu calada durante as seis horas em que ficou em Rio Grande. Falou rapidamente com os repórteres de jornais locais em Pelotas, onde pernoitou, mas apenas sobre obras do PAC para o Rio Grande do Sul.