Título: EUA cogitaram cobrar do Brasil custos de operação de apoio ao golpe de 64
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 06/04/2008, O País, p. 18

EUA cogitaram cobrar do Brasil custos de operação de apoio ao golpe de 64

`Brother Sam¿ envolveu quatro navios petroleiros e gastos de US$2,3 milhões

O governo americano pensou na possibilidade de cobrar do regime militar brasileiro, em abril de 1964, parte dos custos da ¿Brother Sam¿, a operação naval desencadeada dias antes em apoio ao golpe que derrubou João Goulart. Eram gastos de US$2,3 milhões com o deslocamento de quatro navios-petroleiros.

O professor de História Carlos Fico (UFRJ) conta, no livro ¿O grande irmão¿, a ser lançado esta semana, que no dia 3 de abril, depois que a parte militar da força-tarefa começou a ser desmontada, o embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, insistiu em manter os quatro petroleiros à disposição. Dean Rusk, secretário de Estado de Lyndon Johnson, respondeu em telegrama secreto que haveria custos muito elevados e talvez fosse necessário ¿o reembolso pelo governo brasileiro¿.

A ¿Brother Sam¿, despachada pelos Estados Unidos com a missão de apoiar o golpe caso houvesse imprevistos ou reação por parte dos que apoiavam Jango, envolveu um porta-aviões, um posto de comando aerotransportado, seis contratorpedeiros carregados com cem toneladas de armas e os quatro petroleiros, que traziam combustível para o caso de um boicote no abastecimento às forças golpistas.

Na mensagem a Gordon, Rusk alegou que o Departamento de Defesa não poderia assumir o custo dos petroleiros. ¿O Brasil, aparentemente, escapou de pagar para quase ser invadido¿, ironiza Fico em seu livro.