Título: BID sob o signo da renovação
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 04/04/2008, Economia, p. 27

Bill Gates fará discurso de abertura de reunião anual.

MIAMI BEACH. Dois anos e meio depois de assumir a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luis Alberto Moreno abre a reunião anual da entidade hoje, em Miami Beach, com um objetivo muito claro: mostrar que ela está totalmente renovada.

A reorganização, que provocou expurgos de economistas e consultores - além de alimentar abandonos voluntários em seu quadro de funcionários (229 aceitaram pacotes financeiros de aposentadoria antecipada) - propiciará ao BID, segundo ele, maior agilidade e diversificação. Além de dar mais ênfase a financiamentos para municípios e estados (à diferença do modelo anterior, mais voltado aos governos federais), a entidade passa a buscar mais parcerias com o setor privado.

Uma das mudanças básicas, tidas por Moreno como essencial à nova postura, diz respeito à distribuição de sua própria mão-de-obra. A idéia é ter mais gente em campo - ou seja, nos países da região cujos projetos são financiados pelo BID - do que em sua sede, em Washington.

No fim do ano passado, dos 1.745 funcionários do banco, 516 já estavam trabalhando em outros países. Mais 250 estão sendo contratados para também serem despachados - ou permanecer - nos países assistidos pelo BID, para entender melhor sua realidade e necessidades.

- Passamos de um banco muito centralizado em Washington para um descentralizado, com capacidade de gerir as operações de maneira mais eficiente, enviando técnicos aos países. Além disso, estamos acelerando os processos de crédito - afirmou Moreno, às vésperas do lançamento da nova imagem.

E essa imagem terá, logo no primeiro evento da reunião anual, esta manhã, uma presença simbólica dos novos tempos: a abertura com um discurso de Bill Gates, fundador e presidente da Microsoft. Em seguida haverá um diálogo público entre ele e Moreno, como parte de uma campanha para buscar novas parcerias para o desenvolvimento, bem como uma colaboração público-privada que leve em conta também a filantropia.