Título: US$41 bilhões para a Aids
Autor: Jansen, Roberta
Fonte: O Globo, 04/04/2008, Ciência, p. 32

Estados Unidos aprovam verba recorde para prevenção e tratamento da doença.

Os Estados Unidos aprovaram na noite de quarta-feira um orçamento recorde de US$50 bilhões para o combate de Aids, malária e tuberculose na África e em outras áreas severamente afetadas pelas doenças. Do total aprovado, cerca de US$41 bilhões serão destinados apenas à Aids ¿ o maior investimento já feito pelo país no combate a uma única doença. Com a aprovação do novo orçamento, o país amplia significativamente o programa internacional que já teria salvado mais de um milhão de vidas na África. Mas os desafios ainda são enormes. A cada dia, 6 mil pessoas são infectadas pelo HIV.

¿ Não podemos falar em estabilização ou normalização de uma epidemia que mata 1,7 milhão de pessoas ao ano em algumas regiões do mundo ¿ afirmou o subsecretário geral do Programa de Aids das Nações Unidas (Unaids), Michel Sidibe, que esteve no Rio há 15 dias.

A lei foi aprovada por 308 votos a 116, mais do que triplicando o orçamento de US$15 bilhões aprovado em 2003, quando a iniciativa americana foi lançada. A Casa Branca, que apóia a legislação, afirmou que o programa fornece anti-retrovirais para cerca de 1,45 milhão de pessoas, número que pretende ampliar ao longo dos próximos cinco anos.

A nova legislação autoriza o investimento de US$10 bilhões por ano ou US$50 bilhões até 2013. Desse total, US$41 bilhões são destinados à prevenção e ao tratamento da Aids, US$4 bilhões para tuberculose, e US$5 bilhões para a malária. O programa, originalmente focado em 15 países da África Subsaariana, foi ampliado para abarcar também Malauí, Suazilândia e Lesoto, bem como nações do Caribe.

¿ A verdade é que nunca tivemos tantos recursos para o combate a Aids ¿ disse o diretor de Iniciativas Globais do Unaids, Luiz Loures. ¿ Mas ao mesmo tempo existem gargalos na resposta que precisam ser resolvidos. E são assuntos de difícil solução, que envolvem um debate moral, como a violência contra a mulher, o número de casos entre homossexuais.

O objetivo da nova lei, ao longo dos próximos cinco anos, é prevenir 12 milhões de novas infecções, fornecer anti-retrovirais para 3 milhões de pessoas e treinar pelo menos 140 mil profissionais de saúde. A lei prevê ainda a ampliação de ações integradas com programas de nutrição e fornecimento de água potável, bem como esforços para a educação de mulheres e crianças sobre o assunto.

Combate à doença é `imperativo moral¿

De acordo com as Nações Unidas, 33 milhões de pessoas viviam com HIV/Aids no mundo em 2007 ¿ dois terços delas na África Subsaariana. Segundo a deputada Ileana Ros-Lehtinen, principal republicana no comitê do Congresso, embora o programa seja baseado no altruísmo, ele é importante para a segurança interna dos EUA.

Se a epidemia não for combatida, afirmou a deputada, ela ¿continuará a espalhar sua mistura de morte, pobreza e desânimo, que é muito desestabilizadora para governos e sociedades, e minar a segurança de vastas regiões¿.

¿ Combater essa epidemia é um imperativo moral ¿ afirmou Nancy Pelosi, presidente do Congresso americano.

Opositores da lei argumentam que ela é extremamente cara e que outras necessidades, mais urgentes para os EUA, deveriam ser priorizadas.

(*)Com agências internacionais