Título: Gaudenzi: Galeão parece terminal rodoviário ruim
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/04/2008, Economia, p. 40

Licitação para reforma do aeroporto não teve interessados

BRASÍLIA. O atual presidente da Infraero manteve a avaliação do antecessor, brigadeiro José Carlos Pereira, sobre o Aeroporto Internacional do Galeão (Tom Jobim) - que, poucos antes de deixar o cargo, classificou o terminal de decadente e mal cheiroso. Para Sergio Gaudenzi, o aeroporto está liquidado e vem se deteriorando há anos, desde o esvaziamento de vôos para o Santos Dumont.

- O Galeão está descuidado há muito tempo. O terminal 2 nunca foi completado e o terminal 1 é quase um terminal rodoviário de má qualidade - disse Gaudenzi, no comando da estatal há sete meses.

Ele disse que não apareceu nenhum interessado na licitação para escolha do projeto para a reforma do terminal 1, que foi considerada deserta. No próximo dia 14 será realizada uma nova rodada e, se a concorrência fracassar novamente, a estatal terá o direito de convidar diretamente uma empresa para fazer a obra. O valor fixado no edital é de R$2,9 milhões.

- A reforma do Galeão tem que ser total. Temos que completar o terminal 2 e, em seguida, fechar o 1, que ficará só na estrutura para, então, iniciarmos a recuperação - afirmou Gaudenzi.

Orçada em R$100 milhões, a reforma do Galeão foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$40 milhões estão previstos no Orçamento da União de 2008. A Infraero prevê iniciar os trabalhos dentro de sete meses.

O Galeão tem a maior pista do Brasil, está ligado a mais de 18 países e tem capacidade para atender até 15 milhões de usuários por ano. Em 2006, passaram pelo aeroporto 8,856 milhões de pessoas.

Infraero prepara abertura de capital

Gaudenzi está à frente também da reestruturação da Infraero, que deixará de ser uma autarquia e vai virar uma empresa. Para isso, será enviado um projeto de lei ao Congresso em que a União vai passar à estatal a propriedade dos aeroportos que administra, de forma a dar-lhe patrimônio.

Este é o primeiro passo para a abertura do capital da estatal, cujo processo deverá ser concluído em até três anos. A União já decidiu que permanecerá controladora da estatal, colocando até 49,9% das ações em mercado. A definição do formato ficará a cargo do BNDES, que fará um diagnóstico completo da situação da empresa.

- O modelo atual da Infraero está esgotado - afirmou Gaudenzi, lembrando que a condição de autarquia engessa a Infraero, tornando o processo de tomada de decisões muito demorado e a atuação da empresa, lenta. (Geralda Doca)

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