Título: Aeroportos não serão privatizados, diz Infraero
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/04/2008, Economia, p. 40

Presidente da estatal diz que setor é estratégico e planeja transformar terminal de Campinas no maior da América do Sul

BRASÍLIA. Apesar da necessidade crescente de investimentos e da pressão do setor privado, o governo Lula descartou totalmente a privatização dos aeroportos brasileiros, informou ao GLOBO o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi. Segundo ele, o Executivo federal vai se encarregar da tarefa de melhorar a infra-estrutura aeroportuária e já decidiu que o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, terá papel central no plano estratégico do setor. O objetivo é transformá-lo no maior terminal da América do Sul até 2025. Hoje, Viracopos comporta dez milhões de passageiros ao ano: o objetivo é aumentar a capacidade para 85 milhões.

A opção pela manutenção do modelo estatal, segundo Gaudenzi, tem como base a avaliação de que o setor aeroportuário é estratégico. Além disso, o governo avaliou haver dificuldades num eventual modelo de concessão: à atratividade dos terminais centrais se contrapõem muitos aeroportos deficitários. Repassar o filé levaria a "Viúva" a pagar a conta.

- Campinas é a jóia da coroa. O número 1 em carga e a nossa principal fonte de recursos - disse Gaudenzi, se referindo às investidas recentes do empresariado paulista, com o aval do governo estadual.

Segundo ele, as "condições excepcionais" de Viracopos explicam a cobiça. Além de ser um sítio aberto e livre de problemas meteorológicos (fecha no máximo cinco dias ao ano), há poucos moradores em volta.

Gaudenzi disse que a Infraero já está preparando a licitação para construir, imediatamente, a segunda pista e dar início a um novo terminal de passageiros em Viracopos. Só nessas intervenções, a União desembolsará cerca de R$900 milhões, incluindo o deslocamento de uma linha férrea que cruza o local.

Apesar da postura do governo de não repassar os aeroportos à iniciativa privada, Gaudenzi deixou claro que a manutenção do esquema estatal não inviabiliza parcerias com o empresariado. A Infraero negocia com a TAM e a Gol a construção de pátios de estacionamento de avião em Guarulhos, um dos gargalos do maior aeroporto do Brasil. A idéia é que elas façam a obra, orçada em R$250 milhões, e descontem das tarifas que têm de recolher pelo uso do terminal. A parceria poderá ser estendida aos outros aeroportos.