Título: Manifestação pressiona STF por células-tronco
Autor: Marinho, Antônio
Fonte: O Globo, 06/04/2008, Ciência, p. 46

Ato marca os 30 dias do adiamento do julgamento na corte

BRASÍLIA. Cerca de 250 manifestantes participaram na manhã de ontem de um ato em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) em favor das pesquisas com célula-tronco embrionária. A manifestação é para marcar os 30 dias do adiamento do julgamento da ação movida pelo Ministério Público contra a Lei de Biossegurança, que autoriza a pesquisa com célula-tronco embrionária. O caso está sendo julgado pelo STF.

Os manifestantes ¿ portadores de doenças degenerativas, familiares e representantes de entidades médicas ¿ deram um abraço simbólico no prédio do Supremo e distribuíram gérbereas, uma flor de cor alaranjada e que foi escolhida como símbolo do movimento. Gabriela Costa, coordenadora do movimento em Brasília, disse ter esperança de que o assunto volte logo à pauta do STF. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito.

¿ Espero que mais nenhum ministro peça vista e protele ainda mais o julgamento. É a vida de muita gente que está em jogo ¿- disse Gabriela.

Sessão para retomar votação ainda sem data marcada

Um dos manifestantes, o músico Bruno Aguiar, exibia uma camisa com uma mensagem criticando a oposição da Igreja Católica à liberação da pesquisa. ¿Se padre tivesse filho, a história seria diferente¿, escreveu Bruno na camiseta.

As faixas afixadas pelos manifestantes cobravam do STF a votação da ação. ¿São votos que salvam vidas¿; ¿Pesquisar sim, protelar não¿.

Ainda não há data para retomada da sessão do STF. Dois dos onze ministros se pronunciaram a favor da liberação das pesquisas. Após o voto do relator, Carlos Ayres Britto, que defendeu as pesquisas, Carlos Alberto Direito pediu vista do processo para analisar melhor o caso. Em seguida, a presidente da Corte, Ellen Gracie Northfleet, adiantou seu voto, concordando com o relator. Celso de Mello também indicou ser favorável à liberação. Nas sessão do dia 5 de março, ele chegou a afirmar que há uma tendência ¿fortíssima¿ nesse sentido. Para o ministro, a posição da Igreja não pode ser levada em consideração no julgamento.

¿ Ainda que por maioria exígua, sinto que o STF vai confirmar a plena validade constitucional da lei. A tendência é fortíssima. A decisão vai significar a celebração da vida, representando a restauração da esperança de milhões de pessoas que injustamente sofrem os males de patologias que poderão ser superadas se as pesquisas não forem impedidas. Que o STF dê a essas pessoas a expectativa de que não continuarão à margem da vida ¿ disse Mello à época.