Título: Bateu muita saudade de Isabella
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Delphino, Plínio
Fonte: O Globo, 05/04/2008, O País, p. 14

Mais de mil pessoas acompanham missa de sétimo dia da menina.

SÃO PAULO. O clima de comoção tomou conta da igreja Nossa Senhora da Candelária, na Vila Maria, zona Norte, onde foi realizada ontem à noite a missa de sétimo dia da morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos. O corpo da menina foi encontrado no jardim do prédio onde mora o pai dela, Alexandre Alves Nordoni, preso como um dos suspeitos do crime.

Com apenas 500 lugares, a igreja recebeu mais de mil pessoas, entre elas a mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, 23. Ela chegou visivelmente abalada, vestindo uma camiseta com a foto da menina estampada e uma frase: ¿Isabella, para sempre nossa estrelinha¿.

Isabella sorria e estava com as duas mãos no rosto na foto das centenas de camisetas distribuídas aos parentes pela própria Ana Carolina. Dezenas de amiguinhos de Isabella, que estudavam com ela na escolinha Cantinho da Alegria, participaram da missa, que começou às 19h30m.

Na missa, revolta contra crimes contra crianças

A mãe Ana Carolina chegou amparada pelo namorado e pelo pai, José Arcanjo Oliveira. Ela não quis dar nenhuma declaração aos centenas de jornalistas que foram à igreja para acompanhar a missa. Havia até helicópteros. Os familiares de Ana Carolina tomaram as três primeiras fileiras de bancos da igreja. A polícia precisou fazer um cordão de isolamento para que a mãe entrasse na igreja.

Nenhum parente de Alexandre Nardoni, o pai da menina morta no sábado à noite, compareceu à missa de sétimo dia. Quando a celebração começou, muita gente chorava na igreja, inclusive Ana Carolina. Os familiares de Isabella que não estavam com a camiseta com a foto da menina usavam broches com um laço cor de rosa.

O pai de Ana Carolina, o avô José Arcanjo Oliveira, não continha a emoção.

¿ Hoje bateu muita saudade de Isabella e todo mundo caiu no choro ¿ disse o avô.

Quando perguntaram se ele acreditava na inocência do pai Alexandre Nardoni, o avô emudeceu. Um das tias de Isabella, Carolina Apolônio, também estava inconsolável.

¿ Isabella tinha apelido de princesa, Bela. Ela é adorável, cheia de vida, uma criança fantástica. Adorava dançar. Vai fazer muita falta ¿ disse a tia.

Os pais do menino Ives Otta, que foi seqüestrado e assassinado em 1997 pelos seguranças da família, também compareceram à igreja e aumentaram o clima de dor e revolta pelos crimes hediondos contra crianças registrados nos últimos tempos no país.

* Do Diário de S. Paulo