Título: General depõe hoje, e governistas vão tentar manter sigilo de gastos
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 08/04/2008, O País, p. 4

A MÃE DO PAC NA BERLINDA: Relator divulgará plano após ouvir Jorge Félix

Orlando Silva, do Esporte, explicará seus gastos irregulares com cartão

BRASÍLIA. Depois de quase um mês de trabalhos, a CPI do Cartão Corporativo ouve hoje o primeiro acusado de uso indevido dos cartões: o ministro do Esporte, Orlando Silva. Ele vai depor sobre suas despesas pessoais, que somam pouco mais de R$35 mil desde que assumiu o cargo, em maio de 2006. A CPI também ouvirá o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Armando Félix. A presença do general é aguardada pela bancada governista, que só espera o seu aval para enterrar de vez os requerimentos que pedem a abertura dos gastos sigilosos da Presidência da República com os cartões.

A convocação de Jorge Félix é parte da estratégia governista para postergar a votação sobre a abertura dos gastos sigilosos da Presidência. Ao apresentar seu plano de trabalho, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que o tema não poderia ser discutido antes que o general expusesse seu conceito de despesas de segurança nacional. Félix já deveria ter sido ouvido no último dia 25, mas informou à CPI que só poderia falar após as férias, nos Estados Unidos.

As opiniões do general já são conhecidas. Em 6 de fevereiro, no auge do escândalo, ele foi enfático ao defender o sigilo das despesas relacionadas ao presidente Lula e sua família.

- Quanto menor a transparência, maior o grau de segurança - afirmou.

Investigação da PF tira importância de depoimento

Ontem, parlamentares da oposição admitiam que o caso de Orlando Silva perdeu importância diante da notícia de que a Polícia Federal investigará servidores da Casa Civil sobre o dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique. O depoimento do ministro só serviria para aumentar um pouco o desgaste de um auxiliar do presidente Lula.

- Não tenho grandes expectativas. O ministro gastou errado, mas o presidente já decidiu mantê-lo - resignou-se o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Os extratos do cartão de Orlando Silva registram gastos polêmicos, como uma conta de R$468 num restaurante sofisticado. No caso de maior repercussão, ele gastou R$8,30 para pagar uma tapioca. Ele alegou ter confundido o cartão corporativo com o cartão de sua conta pessoal. Em fevereiro, Orlando Silva devolveu ao Tesouro Nacional cerca de R$30,8 mil.