Título: Bandidos fizeram menino de escudo
Autor: Nunes, Fabiano
Fonte: O Globo, 08/04/2008, O País, p. 10

Filho de Maurício de Sousa foi libertado de cativeiro em SP após 18 dias

SÃO PAULO. Marcelo de Sousa, de 9 anos, filho do cartunista Maurício de Sousa, teve uma arma apontada para sua cabeça um dia antes de ser libertado pela polícia do cativeiro em São Sebastião, a 214 quilômetros de São Paulo, no Litoral Norte. Este foi o momento mais tenso do seqüestro, que durou 18 dias.

O menino foi levado para o primeiro dos quatro cativeiros no dia 19 de março, junto com a mãe, Marinalva Pereira dos Santos, de 38 anos, e o meio irmão Vitor Hugo, de 2 anos. De acordo com o relato da mãe, os seqüestradores usaram o menino de escudo quando perceberam a presença da polícia no bairro do Jaraguá, quase na divisa com Caraguatatuba. No sábado, os policiais da Delegacia Anti-Seqüestro de São José dos Campos estiveram no bairro à procura da casa onde estariam as vítimas. Eles invadiram casas ao lado do cativeiro, mas não localizaram os reféns.

Ao perceber a presença da polícia no local, um dos criminosos ficou com Marcelo nos braços e apontou a arma para sua cabeça. ¿Se eles entrarem aqui, o menino morre¿, teria ameaçado. A tensão na casa só diminuiu quando a polícia foi embora. Segundo o delegado Leon Nascimento Ribeiro, os criminosos planejavam mudar de cativeiro pela quinta vez.

A prisão de dois integrantes da quadrilha em São José dos Campos ajudou a polícia a resgatar as vítimas. Peterson Nascimento da Silva, 23 anos, e Felipe Douglas dos Santos, 21 anos, responsáveis por cuidar do cativeiro, indicaram o local.

¿ Quando chegamos lá, os dois seqüestradores se preparavam para fugir com os reféns. Ao se verem cercados, eles fugiram pelo matagal e soltaram as vítimas ¿ conta o delegado.

A polícia acredita que a quadrilha tinha dez pessoas. Bugalu era foragido de um presídio em Tremembé, 138 quilômetros da capital. Ele cumpria pena por roubo no regime semi-aberto.

A libertação do menino foi comemorada com um longo abraço do pai, Maurício de Sousa.

¿ Ele foi um heroizinho. Pelo que conversei com ele, foi um pequeno herói, se mantendo do lado da mãe o tempo todo.

* Do Diário de S.Paulo