Título: Menina foi espancada no apartamento do pai
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 08/04/2008, O País, p. 11
Isabella foi jogada de cabeça para baixo pela janela; para a perícia, manchas no carro da família não são de sangue
SÃO PAULO. A menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, morta há dez dias, foi espancada no apartamento do pai e atirada pela janela quando já estava inconsciente. Esta é a conclusão dos peritos apresentada ontem pelo ¿Jornal Nacional¿, da Rede Globo. A polícia encontrou marcas de sangue no apartamento, mas não sabe de quem são. Testes de DNA estão sendo feitos. O laudo deve ser apresentado até sexta-feira. Não se sabe quem matou a criança, mas não há dúvidas quanto à violência contra Isabella.
Há uma gota de sangue em cada cama do quarto dos irmãos de Isabella, além de uma pegada de adulto no lençol da cama usada por Isabella no dia do crime, segundo a perícia. Os sapatos do casal foram apreendidos, mas não foram comparados com as marcas no lençol.
Outra mancha de sangue no chão revela que o sangue caiu de uma altura de um metro. Não se sabe de quem é o sangue no buraco da tela de proteção da janela por onde a criança foi jogada. A perícia concluiu que a menina foi jogada de cabeça para baixo porque encontrou marcas de suas mãos abaixo da janela, na parede do prédio. A única fratura provocada pela queda, amortecida pelo gramado, foi na bacia. A fratura no pulso da menina teria sido causada antes de ela ter sido arremessada do prédio, assim como o corte na testa, por onde Isabella perdeu muito sangue. Ontem, peritos voltaram ao prédio. Eles revelaram que a menina deve ter sofrido esganadura e asfixia, já que apresentava manchas no pulmão, marcas no pescoço e a língua projetada para a frente.
Tia diz que roupas encontradas são de pedreiro
A perícia descartou que as manchas no banco traseiro do carro do pai, Alexandre Nardoni, sejam de sangue. Também não são de sangue manchas na fechadura do carro do lado do motorista, conforme se suspeitou semana passada. O Instituto de Criminalística informou que não se pronunciará.
Ontem, a tia e madrinha da menina, Cristiane Nardoni, de 20 anos, disse que as roupas supostamente sujas de sangue encontradas em seu apartamento, vizinho ao de Nardoni, não são de seu irmão. O apartamento de Cristiane está vazio. Segundo ela, as roupas eram de um pedreiro que está reformando o imóvel. Cristiane disse que Nardoni é inocente e defendeu a cunhada, Anna Carolina Jatobá, madrasta da menina. As roupas foram encontradas pela perícia e estão sendo analisadas.
¿ Não podemos acusar ninguém. Temos certeza de que não foi o Alexandre. Acreditamos que foi outra pessoa. Nosso objetivo é encontrar essa pessoa. A gente tem idéia que possa ser uma pessoa ou outra, mas certeza, para acusar alguma pessoa, não ¿ disse a tia.
Ontem, os advogados de Nardoni e Anna Carolina entraram com pedido de habeas corpus para libertá-los. Eles dizem que o casal tem residência fixa, não opôs obstáculos à investigação e que as evidências do inquérito são insuficientes para a prisão. O pedido será julgado pelo desembargador Caio de Almeida, do Tribunal de Justiça.