Título: Reitor da UnB é processado por improbidade
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Fonte: O Globo, 09/04/2008, O País, p. 8

BRASÍLIA. O Ministério Público entrou ontem com uma ação de improbidade administrativa contra o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, e o decano de administração da UnB, Erico Paulo Weidle. Eles são acusados de usar recursos destinados ao financiamento de projetos de pesquisa e desenvolvimento institucional da UnB para decorar o apartamento funcional utilizado por Mulholland.

A ação pede a condenação dos dois; o ressarcimento integral dos prejuízos; a perda da função pública; a suspensão dos direitos políticos por até cinco anos; o pagamento de multa de até cem vezes o valor de seus salários, entre outras sanções.

A ação foi movida em conjunto por um promotor de Justiça do MP distrital e dois procuradores do MP federal. Eles afirmam que foram gastos R$470 mil para mobiliar e decorar o imóvel e R$72 mil para comprar um automóvel de uso exclusivo do reitor. Os gastos foram custeados pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), fundação de apoio ligada à UnB, o que permitiu a dispensa de licitação.

Na ação, os gastos são considerados pelo MP como ilegais e imorais. Os promotores e procuradores dizem que há desvio de finalidade no uso dos recursos do fundo, que deveriam ser aplicados em pesquisas. Afirmam ainda que o reitor e o decano participam diretamente em um procedimento que beneficiou o primeiro.

O MP sustenta que os gastos foram exorbitantes. Entre os bens adquiridos para decorar o imóvel usado por Mulholland estão itens de luxo, como uma lixeira que custou R$990 e um saca-rolhas de R$859. O projeto elaborado para o apartamento, diz a ação, foi feito a partir das "necessidades" da família do reitor, e não baseado em interesses da UnB.

Os procuradores da República Raquel Branquinho e Rômulo Moreira e o promotor de Justiça Ricardo Souza, autores da ação, argumentam que os gastos causaram prejuízo à comunidade acadêmica.