Título: Reitor e a mulher discutiram escolha de mobília com decoradora, diz MP
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 10/04/2008, O País, p. 4
Informação contraria Mulholland, que disse não ter participado do projeto.
BRASÍLIA. A ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público contra o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, diz que ele e a mulher se reuniram com a decoradora contratada para mobiliar o apartamento funcional - uma cobertura de quase 400 metros quadrados - onde a família viveu durante um ano. A acusação do MP, com base em depoimento da decoradora, desmonta a principal justificativa do reitor para explicar o gasto de R$470 mil de um fundo de desenvolvimento institucional da universidade. Ele alegava que não tinha participação na montagem do apartamento com móveis de luxo.
Em outra frente de investigação, o MP acusa a Editora da UnB de usar verbas de convênio para saúde indígena na contratação de bufês de luxo. Foram pagos eventos sociais cujos cardápios tinham até caviar.
O Ministério Público diz que reitor sugeriu o nome da decoradora Cybele Santos Barbosa, que se encontrou com ele e a mulher, Lécia, para tratar das especificações do projeto de decoração. O MP afirma que o reitor se envolveu diretamente na escolha de parte dos itens de decoração, como quadros.
Embora Mulholland diga que o apartamento funcionava como espaço de representação da universidade, para receber autoridades, o MP diz que o projeto deixa clara a vinculação do imóvel às necessidades da família do reitor. O projeto, segundo a ação, cita o "quarto para filho" e o "quarto para filhas".
Anteontem, ao ser indagado sobre a mobília, Mulholland respondeu:
- A compra foi um processo institucional, não é uma questão pessoal. Foi decidida por um conselho, e eu não posso falar em nome de um conselho. Só fui para lá depois de o apartamento ficar montado e pronto para receber o reitor.
Ontem, a ocupação da reitoria por estudantes que pedem a saída do reitor completou sete dias. De manhã, um grupo de cerca de 300 pessoas, entre funcionários, professores e estudantes protestou diante do prédio. Eles defendem a permanência do reitor e estão preocupados com o risco de atrasos no pagamento de salários, já que a folha de pessoal é processada nas instalações ocupadas. Junto ao prédio, cerca de 200 estudantes envolvidos na invasão reagiram com palavras de ordem. Não houve confronto. Em assembléia, os alunos decidiram manter a ocupação e paralisar suas atividades na sexta-feira.