Título: Operação da PF prende 16 prefeitos e um juiz
Autor: Cotta, Sueli; Alves, Anderson
Fonte: O Globo, 10/04/2008, O País, p. 8

Esquema de fraudes para receber recursos do FPM envolveu lobistas, advogados, procuradores e servidores da Justiça.

BELO HORIZONTE. A Polícia Federal prendeu ontem 51 pessoas na Operação Pasárgada, deflagrada em Minas, Bahia e no Distrito Federal. Entre os detidos, estão 16 prefeitos - 14 de Minas e dois da Bahia -, um juiz federal, quatro servidores da Justiça Federal de Minas, nove advogados, dois lobistas, quatro procuradores municipais e um gerente da Caixa Econômica Federal, além de servidores do Judiciário e das prefeituras.

Investigação durou oito meses e envolveu 500 policiais

A investigação foi iniciada há oito meses e envolveu pelo menos 500 policiais federais, que desvendaram um esquema de liberação irregular de verbas do Fundo de Participação dos Municípios. As prefeituras tinham o recurso bloqueado devido a dívidas com o INSS. Para ter acesso ao recurso, os prefeitos contratavam, sem licitação, um escritório de advocacia, que oferecia vantagens a juízes e servidores da Justiça para obter decisões favoráveis. O dinheiro depois era dividido.

O esquema teria causado prejuízo de R$200 milhões. Foram apreendidos dois aviões, 36 carros, duas motos e R$1,3 milhão mais US$20 mil em locais diferentes. Mas a maior parte do dinheiro foi encontrada na casa do prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB). O esquema envolvia juízes e funcionários da Justiça que, segundo o coordenador da operação, delegado Mário Alexandre Veloso Aguiar, com ajuda de lobistas, burlavam documentos necessários ao recebimento do FPM e os vendiam às prefeituras.

Foram presos 16 prefeitos em Minas, sendo que um deles está afastado do cargo, mas foram identificados Alberto Bejani (PTB-Juiz de Fora), Demetrius Arantes Pereira (PTB-Divinópolis), Júlio César de Almeida Barros (PT-Conselheiro Lafaiete), José Eustáquio Ribeiro Pinto (DEM-Cachoeira da Prata), Geraldo Nascimento (PT-Timóteo), Ademar José da Silva (PSDB-Vespasiano); José Henrique Gomes Xavier (PR-Minas Novas), Edson Said Rezende (PSDB-Ervália), Walter Tanure Filho (DEM-Medina), Claudemir Carpe (PTdoB- Rubim) e José Eduardo Peixoto (PSDB- Salto da Divisa). Na Bahia, Paulo Ernesto Pessanha da Silva (DEM-Itabela) e Gilberto Balbino (PR-Sobradinho).

Os investigados responderão pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa, exploração de prestígio, fraude a licitação, quebra de sigilo de dados e lavagem de dinheiro.