Título: Matilde é recebida com festa por CPI
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 10/04/2008, O País, p. 9

Paulo Lacerda, da Abin, defende o sigilo dos gastos da Presidência.

BRASÍLIA. Aplausos e pedidos de foto. Assim foi a recepção encontrada pela ex-ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria da Igualdade Racial, na CPI mista do Cartão Corporativo. Convocada a explicar gastos indevidos que motivaram sua demissão, ela teve o depoimento transformado em ato de desagravo pelos governistas. Mais cedo, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, disse que a divulgação de gastos secretos da Presidência ameaçaria a segurança nacional.

Acompanhada por representantes do movimento negro, Matilde não mostrou arrependimento pelos abusos com o cartão, e foi chamada de "querida companheira e eterna ministra" pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).

- Vossa Excelência sai daqui absolvida pela comissão e pelo Brasil - disse o deputado Maurício Quintella (PR-AL).

Matilde voltou a culpar ex-assessores por gastos indevidos em restaurantes e locadoras de automóveis com o cartão. Ao comentar o uso de recursos públicos numa compra de R$415,15 num free shop, voltou a alegar que confundiu o cartão corporativo com o pessoal.

Lacerda, o primeiro a depor ontem, disse que o presidente Lula correria risco de envenenamento se fossem divulgados os locais onde é comprada sua alimentação. Ele chegou a citar o seqüestro da ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt e os atentados de 11 de setembro de 2001 para justificar o cuidado:

- O sigilo é absolutamente necessário. Os gastos não podem se tornar vulnerabilizados por causa de uma eventual prestação de contas.