Título: Peso maior para pobres
Autor: Flores, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 07/05/2009, Economia, p. 18

A população de baixa renda vem arcando com uma inflação mais elevada que a média dos brasileiros, segundo outro indicador divulgado ontem, o Índice de Preços ao Consumidor ¿ Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em abril, o incremento foi de 0,73%, contra 0,47% do IPC-Brasil ¿ que mede a inflação para toda a população, independentemente da classe de rendimento. Nos últimos 12 meses, a inflação para as famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos mensais variou 6,27%, contra 6,05% da média geral. O reajuste de preços foi puxado por aumentos nos gastos com despesas diversas (saltou de 0,72% em março para 4,67% em abril) e saúde e cuidados pessoais (passou de 0,76% para 1,53%).

Dois itens foram responsáveis por puxar a inflação da classe baixa para cima: os cigarros, que tiveram um reajuste de 7,85% apenas em abril, e os medicamentos em geral, que ficaram 2,55% mais caros. ¿O aumento na inflação foi pontual nesses dois itens, não está generalizado. Então não dá para dizer que a inflação pesa mais para eles¿, afirma o economista da FGV, André Braz.

Os grupos vestuário e habitação também ficaram mais caros no mês passado. A variação nos preços das peças de vestuário e de calçados passou de -0,18% em março para 0,39% no mês seguinte. Já os produtos e serviços de habitação, que tiveram uma alta de 0,23% em março, sofreram um aumento de 0,27%. Por outro lado, estão acelerando menos os gastos com educação, leitura e recreação ¿ a inflação caiu de 0,76% para 0,40% ¿, transportes ¿ de 0,04% para -0,01% ¿ e alimentação ¿ de 0,87% para 0,85%. Os alimentos in natura foram os que mais sofreram reajuste de preços nos últimos meses, segundo Braz. (MF)