Título: Acusado de pedofilia é agente de imigração nos EUA
Autor: Costa, Ana Cláudia
Fonte: O Globo, 10/04/2008, Rio, p. 23

Presos em Copacabana 2 escultores de areia que teriam agenciado um menor para fazer sexo com americano.

Após um mês de investigações, policiais da Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) prenderam no início da manhã de ontem dois escultores de areia em Copacabana que aliciavam menores de rua e carentes para orgias com turistas estrangeiros pedófilos. Um dos estrangeiros é o americano Michael Joseph Clifford, de 40 anos. Segundo a polícia, ele é funcionário do Serviço de Imigração e Integração em Rhode Island, nos Estados Unidos, responsável por impedir a entrada de estrangeiros ilegais em seu país. Clifford é acusado de ter mantido relações sexuais durante uma noite com um menor de 12 anos num hotel de luxo de Copacabana. Michael teve o pedido de prisão temporária expedido, mas já retornou aos Estados Unidos.

A Operação Castelo de Areia foi desencadeada no início da manhã. Ivan Carlos de Souza Santos, o Bira Escultor, de 40 anos, foi preso quando trabalhava na areia da Praia de Copacabana, perto da Rua Miguel Lemos. Contra ele, há mandados de prisão por tráfico e roubo na Bahia. José Marcílio de Oliveira, de 24 anos, foi preso quando dormia na areia da praia.

Agenciadores teriam recebido R$500

O menor, segundo as investigações da polícia, foi agenciado pelos escultores para o encontro com o americano e também, segundo contou aos seguranças do hotel, foi fotografado nu. O delegado titular da DPCA, Deoclécio de Assis, disse que os agenciadores teriam recebido R$500 para levar o menor até o americano. O menor teria recebido R$200 pelo programa.

A polícia conseguiu chegar até os aliciadores de menores quando investigava prostituição infantil em Copacabana, no Posto Seis. O delegado Deoclécio Assis contou que percebeu a ação dos escultores junto aos turistas e aos menores de rua carentes que perambulam pelo trecho da Avenida Atlântica, esquina com Miguel Lemos.

De acordo com as investigações da polícia, os escultores se encontraram com o americano na Praia de Copacabana na madrugada de 14 de março, quando foi agendado o programa. Na madrugada do dia seguinte, o menor entrou em um hotel de luxo de Copacabana com o americano, por volta das 3h, e só saiu no dia seguinte, às 9h.

Em depoimento, o menor ¿ que mora numa favela da Zona Norte, mas dorme nas ruas de Copacabana ¿ contou que os dois homens presos pretendiam extorquir dinheiro do americano e do dono do hotel. A idéia era marcar um segundo encontro e fotografar o abuso. Com as fotos, a dupla faria a extorsão. O plano não deu certo porque o americano viajou.

Filmagens feitas pelo circuito interno do hotel de luxo de Copacabana e requisitadas pela polícia durante a investigação mostram o menor entrando no hotel com o americano e saindo do local no dia seguinte. As mesmas imagens mostram, ainda, os escultores no hotel tentando encontrar o americano para cobrar pelo agenciamento. Um dos escultores, Ivan Carlos, é flagrado nas imagens conversando com o americano no saguão do hotel.

O americano deixou o hotel no dia 16 de março. Ele responderá por atentado violento ao pudor. O delegado da DPCA informou o caso à Polícia Federal. Em Brasília, a Embaixada dos Estados Unidos informou apenas que o cidadão não é funcionário do consulado no Rio e que não tem confirmação se Clifford é do Departamento de Estado. O Consulado dos Estados Unidos no Rio informou que não comentaria o assunto porque não foi notificado pela polícia. De acordo com o delegado Deoclécio Assis, os dois escultores podem ter aliciado outros menores e agenciado para encontros com turistas.

¿ Por estarem na areia da praia, eles tinham facilidade de contato com os turistas e com menores que perambulam no local ¿ disse o delegado, acrescentando que, caso sejam condenados pelos crimes de atentado violento ao pudor e aliciamento de menores, os dois escultores podem pegar até 15 anos de prisão.

Em Nilópolis, policiais prenderam ontem dois homens acusados de abusar sexualmente de uma menina de 10 anos. Segundo a polícia, os dois eram vizinhos da vítima e davam à menina R$1 ou R$ 2, após cada abuso, praticado há cerca de um ano.

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