Título: Presidente da Vale chama invasores de bandidos
Autor:
Fonte: O Globo, 11/04/2008, O País, p. 9

Roger Agnelli diz que MST não respeita a lei e a democracia e que movimento deveria bater na porta do governo

RIO e BELÉM. O presidente da Vale, Roger Agnelli, chamou ontem de bandidos os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ameaçam invadir a Estrada de Ferro de Carajás, da Vale, no Pará. Em entrevista ao "Jornal Nacional", ele criticou o fato de o movimento usar a empresa como alvo de protestos.

- Estão batendo na porta errada. Eles deviam bater na porta da Caixa Econômica Federal, ou bater na porta dos governos estadual ou federal, e não na porta da Vale. A Vale não tem nada com isso. Nós temos alguma coisa a ver com reforma agrária? Não. - disse Agnelli.

Para ele, as ameaças do MST de invadir propriedades da Vale são criminosas:

- (Um ato) Totalmente criminoso feito por bandidos, que não respeitam a lei e não respeitam a democracia. Fazem um discurso dizendo que respeitam e querem a democracia, mas não respeitam a democracia.

Diante do iminente bloqueio da ferrovia de Carajás, em Parauapebas, sudeste do estado, por cerca de 1.500 militantes do MST, o secretário de Segurança Pública do Pará, Geraldo Araújo, anunciou ontem o envio de uma força de 600 policiais, civis e militares, para a região. As ações policiais atingirão os municípios de Parauapebas, Marabá, Curionópolis, Canaã dos Carajás e Eldorado dos Carajás.

A determinação é coibir atos criminosos e manter a ordem social nas regiões sul e sudeste do estado. Nesses locais, o MST promete promover ações para marcar a passagem do 12º aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 sem-terra foram mortos em confronto com tropas da Polícia Militar. Além de policiais, o governo do Pará enviou para Marabá e Parauapebas servidores do Corpo de Bombeiros, do Detran e do Centro de Perícias Científicas.

- Diante das manifestações já previstas para o mês de abril, estamos enviando efetivo policial à região para manter a paz e tranqüilidade tanto da população quanto dos próprios participantes - disse Araújo.

Os policiais foram orientados a tentar um canal de diálogo com os manifestantes a pedido da própria comunidade local.

- Estamos chamando os líderes para uma conversa. Nossa meta é estabelecer a ordem e garantir que as manifestações aconteçam de forma pacífica - afirmou delegado Justiniano Alves Junior.

Em Parauapebas, cerca de 1.500 manifestantes do MST continuam acampados numa área próxima da ferrovia aguardando determinação das lideranças. Especula-se que a ferrovia deva ser ocupada apenas no fim de semana e em vários pontos distintos, para dificultar as ações de desbloqueio.