Título: Gastos suspeitos durante a Copa do Mundo
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 12/04/2008, O País, p. 8
CGU apura despesas de reitor da Unifesp.
BRASÍLIA. A Controladoria Geral da União (CGU) investiga a suspeita de que o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto, tenha feito viagens particulares por Europa e Caribe bancadas em parte com cartão corporativo. Segundo a CGU, o reitor não comprovou a participação nas atividades que motivavam oficialmente algumas viagens. Ele também esticou duas dessas viagens por conta própria e usou o cartão em dias de folga. Em junho de 2006, esteve na Alemanha, quando era disputada a Copa do Mundo, e não participou de nenhum dos eventos para os quais havia viajado oficialmente.
Segundo a CGU, para ir à Alemanha o reitor se afastou da universidade de 6 a 17 de junho de 2006. A Copa começou em 9 de junho. Oficialmente, o reitor viajou para participar de um congresso e fazer uma visita a um laboratório da Bayer. Mas, de acordo com nota enviada pela CGU, "não há qualquer material que comprove nenhuma das duas atividades".
Nesse período, o reitor fez os maiores gastos das 12 viagens internacionais desde 2006. Gastou com o cartão R$13,8 mil. Na véspera do jogo entre Brasil e Austrália, disputado em Munique, o reitor gastou em um único pagamento R$8,9 mil. Em todos os dias em que supostamente viajou a turismo, as despesas com dinheiro público chegaram a R$22 mil.
Segundo dados da CPI do Cartão Corporativo, o reitor gastou, em pouco mais de um ano e meio, R$75,5 mil em 12 viagens ao exterior. Os gastos representam quase o dobro do que ele teria direito a receber de diárias. Na volta de uma viagem à Alemanha, Neto usou o cartão para pagar uma conta de R$39,07 num free shop. Ele disse ter comprado um pen drive para uso profissional. Ontem, procurado pelo GLOBO, Neto não retornou as ligações.
A CGU divulgou os detalhes da investigação um dia após o reitor divulgar que uma auditoria do órgão feita em seus gastos de 2006 não encontrou irregularidades. Na nota, a CGU diz que essa afirmação é falsa e acrescenta que obrigou o reitor a devolver cerca de R$15 mil gastos irregularmente. "Por óbvio, não se determina a devolução de gastos regulares".