Título: Número de mortos por dengue no Rio chega a 85
Autor: Costa, Célia; Cândida, Simone
Fonte: O Globo, 12/04/2008, Rio, p. 17

Na cidade, Secretaria municipal de Saúde confirma mais duas mortes. Vítimas oficiais da doença já são 50.

A Secretaria municipal de Saúde confirmou ontem mais duas mortes por dengue no Rio, elevando para 50 o número oficial de óbitos na cidade este ano. Ontem, um rapaz de 19 anos, morador de Irajá, que morreu de dengue, foi enterrado no Cemitério de Irajá. Como o caso dele ainda não consta das estatísticas, o número de mortos passa a ser 51. Além dos óbitos no Rio, a Secretaria de Saúde de Magé confirmou uma morte que ainda não aparece na estatística da Secretaria estadual de Saúde. Jorge Roberto Mathias, de 70 anos, morreu no Hospital das Clínicas de Teresópolis, no dia 24 passado. Com ele, são 85 mortos no estado. Ontem, foram registrados mais 1.631 casos no Rio. Já são 48.643 infectados este ano.

Bebê de 8 meses morreu de dengue na segunda

No Rio, um homem, de 46 anos, morreu por dengue hemorrágica no Hospital da Obra Portuguesa, no Centro, na terça-feira passada. A Secretaria municipal de Saúde confirmou também a morte de uma menina de 8 meses, moradora de Realengo. A criança faleceu no Hospital Adventista Silvestre, na segunda-feira passada.

Daniel Tavares de Vasconcelos, de 19 anos, morador de Irajá, morreu de dengue hemorrágica na noite de anteontem na Casa de Saúde Grande Rio, em Cordovil, depois de passar cinco dias internado. Durante o enterro, ontem, no Cemitério de Irajá, parentes e amigos lamentaram a morte do jovem, que, segundo a família, teve hemorragia interna e sofreu duas paradas cardíacas antes de falecer. Chorando muito, dezenas de colegas de escola de Daniel compareceram ao velório para se despedir do amigo.

¿ Ele era um menino maravilhoso, muito caseiro e muito ligado à família. Sentiu dor de cabeça, e o pai levou ao hospital achando que era algo simples e que ele voltaria logo para casa. Uma tristeza ¿ comentou uma prima de Daniel.

Estudante do último ano do ensino médio, Daniel sonhava tornar-se bombeiro. Segundo o irmão mais novo do rapaz, Rafael, de 15 anos, ele se inscrevera no concurso da corporação para concorrer a uma vaga. Os pais, em estado de choque, passaram o dia de ontem sendo consolados por amigos e parentes.

¿ Era um rapaz cheio de vida, não bebia, não fumava, gostava de praticar exercícios. A família até agora não está acreditando no que aconteceu ¿ conta um tio.

Muito abalados, alguns parentes reclamaram que Daniel não teria recebido o atendimento adequado na clínica e que os médicos teriam demorado a diagnosticar a doença. A direção da clínica, no entanto, nega as acusações e afirma que todos os procedimentos indicados no tratamento da dengue, diagnosticada no momento em que ele deu entrada no hospital, foram tomados.

¿ Os pais dele não têm condições de falar agora, mas a família acredita que pode ter havido negligência da clínica. Vamos esperar os ânimos acalmarem para investigar, pois lá havia outros parentes de outros pacientes com dengue também reclamando do atendimento. Acreditamos que o hospital não está preparado para atender pacientes com essa doença¿ disse Luiz Carlos Tavares, tio de Daniel.

O diretor da Casa de Saúde Grande Rio, Mirando Rosa Filho, no entanto, afirmou que Daniel teve a doença diagnosticada rapidamente no sábado e que o rapaz recebeu atendimento adequado desde então.

¿ O paciente deu entrada no hospital com cefaléia e sintomas de dengue na noite do dia 5, sendo assistido enquanto esteve internado. Infelizmente, o paciente não resistiu à doença e veio a falecer. Nossa clínica é muito bem equipada e dispõe de ótimos profissionais nos quadros. Fizemos o que era possível ¿ disse o médico Mirando Rosa Filho.