Título: Governo brasileiro refuta declaração de Ziegler
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Fonte: O Globo, 15/04/2008, Economia, p. 20
Ministro diz que Brasil tem terras e culpa subsídios de países ricos.
BRASÍLIA. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, rebateu a declaração do relator especial da ONU pelo direito à alimentação, Jean Ziegler, de que a produção de biocombustíveis é um "crime contra a humanidade". Segundo o ministro, essa preocupação não se aplica ao Brasil, mas sim à Europa e aos Estados Unidos, "que têm a produção agrícola distorcida por causa do grau de subsídios utilizados nestes países".
Ele afirmou que o Brasil tem extensas áreas disponíveis para biocombustíveis, sem prejudicar a produção de alimentos básicos. No caso da cana-de-açúcar, destacou, a plantação representa menos de 1% da produção agrícola brasileira. Além disso, acrescentou, a expansão da cana ocorre em áreas de pastagens subaproveitadas, que não concorrem com a produção de alimentos. O secretário de Relações Internacionais do ministério, Célio Porto, também refutou as críticas:
- São os Estados Unidos e a União Européia que usam alimentos, como milho, trigo e óleos comestíveis, para fabricarem biocombustíveis.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou ontem documento alertando para o risco de encarecimento e escassez de alimentos. Mas, involuntariamente, a posição do governo brasileiro foi respaldada por um dos autores do estudo. Guilherme Schultz, da FAO, disse que, apesar da preocupação em torno dos preços dos alimentos, o Brasil deveria ser seguido como exemplo. Afinal, completou Schultz, o país tem 30 anos de experiência com a produção de etanol de cana-de-açúcar:
- Produtos como o milho nos trazem mais preocupação.