Título: Eros Grau deixa cargo de ministro do TSE
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2009, Política, p. 4
Alegação para a renúncia é dificuldade em conciliar o trabalho no Tribunal Superior Eleitoral com os julgamentos no Supremo.
Grau: saída do ministro teria sido provocada pela futura posse de Joaquim Barbosa no TSE O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eros Grau renunciou ontem ao cargo efetivo que ocupava na Corte desde maio de 2008. O anúncio da sua saída ocupou parte da sessão. Entre elogios e homenagens, poucas explicações. Grau disse apenas que havia refletido muito sobre o assunto e que estava sentindo dificuldades de conciliar o trabalho eleitoral com o julgamento das ações no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos bastidores, ministros e advogados afirmaram que Eros Grau estudava sua saída há algum tempo e que, apesar de não admitir publicamente, estava preparado para deixar o tribunal antes que o ministro Joaquim Barbosa assumisse a presidência da Corte, o que deve acontecer no ano que vem. Os dois ministros não mantêm um relacionamento amigável desde agosto do ano passado, quando Barbosa censurou o colega por ter concedido um habeas corpus a Humberto Braz, braço direito do banqueiro Daniel Dantas. Na ocasião, Barbosa afirmou que a liberação do preso ia de encontro aos anseios do povo brasileiro. Grau retrucou dizendo que se baseava em fundamentos legais. A discussão se prolongou com acusações acaloradas por quase uma hora.
Apesar das mais diferentes teorias sobre a decisão do ministro, o que houve de oficial foi apenas um ofício curto dirigido ao presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, e uma carta de agradecimento encaminhada aos 13 funcionários do seu gabinete. No texto, Eros Grau disse que já havia cumprido seu papel no TSE. ¿O Supremo me absorve. Estou convencido de que não posso dividir a minha fidelidade a ele com outro tribunal. Deixo o cargo seguro de que cumpri o meu dever com dignidade e corretamente e, por isso, saio com tranquilidade.¿
Homenagens Depois do anúncio oficial da renúncia, o ministro Ricardo Lewandowski ¿ que por pouco não era processado por Grau por conta de comentários feitos sobre ele com a ministra Cármen Lúcia Rocha durante o julgamento do mensalão ¿ lembrou que Eros Grau tem preferido reduzir a carga de trabalho, visto que também se aposentou da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Lewandowski ressaltou os serviços prestados pelo colega ao TSE.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, falou como representante do Ministério Público Eleitoral. Disse que respeitava a decisão de Eros Grau e ressaltou a dedicação com que o colega tratou as questões eleitorais. A vaga de ministro do TSE será ocupada provisoriamente pela ministra Cármen Lúcia.