Título: Ipea não vê motivos para subir taxa
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 15/04/2008, Economia, p. 21

Instituto ligado ao governo diz que alta freará investimento

A alta esperada na taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 11,25% ao ano), na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, que começa hoje e termina amanhã, não é necessária e vai frear o investimento em expansão, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao governo. Estudo divulgado ontem pelos economistas Salvador Werneck Vianna, André de Melo Modenesi e Miguel Bruno conclui que nem a demanda está aquecida demais nem haverá problemas de ofertas que justificariam a alta prevista entre 0,25 e 0,5 ponto percentual.

- Acredito que a subida dos juros pode estancar o processo de expansão da oferta. Tudo indica que haverá um ciclo de alta, chegando a 12,75% de Selic ao ano, de acordo com as expectativas do mercado. Os empresários, prevendo uma demanda menor para frente, não farão novas ampliações na capacidade - explicou Vianna.

Para o economista, a expectativa de inflação está perto da meta (fixada em 4,5% este ano), e o Banco Central tem a obrigação de perseguir a meta, não uma inflação abaixo do alvo.

- O momento é de cautela, observar as mudanças e ver que atitude tomar.

A mudança esperada é na inflação de alimentos, que acumula alta de 11,2% em um ano. O ideal, segundo Vianna, seria esperar a entrada da safra agrícola, que tem projeções excelentes e ver os reflexos nos preços.

- A inflação tende a arrefecer com a entrada da safra.