Título: Senado agora convoca Dilma para explicar dossê
Autor: Vasconcelos, Adriana ; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 16/04/2008, País, p. 14

Governo faz acordo com oposição e permite acesso da CPI a dados sigilosos da Presidência em poder do TCU

Adriana Vasconcelos e Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. Em mais um cochilo do governo, a Comissão de Infra-estrutura do Senado aprovou ontem nova convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Desta vez, para prestar esclarecimentos sobre irregularidades no uso dos cartões corporativos e as denúncias de que teria determinado a montagem de um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), tentou transformar a convocação em convite, mas o pedido foi indeferido pelo presidente da comissão, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO).

Os governistas tentaram, sem sucesso, um acordo com a oposição durante reunião de líderes convocada pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Jucá e a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), argumentaram que a Comissão de Infra-estrutura estaria extrapolando de suas funções ao convocar a ministra para falar de assunto que não é próprio da comissão. Jucá apresentará novo recurso à Comissão amanhã.

A orientação do Planalto é adiar ao máximo a ida da ministra ao Senado, numa estratégia para esfriar o noticiário e aguardar as investigações da Polícia Federal sobre o dossiê. Por isso a ministra adiara seu depoimento à mesma comissão, previsto para acontecer hoje, para depois do dia 29.

CPI desiste de convocar ex-ministros para depor

Na CPI do Cartão Corporativo, governo e oposição fecharam um acordão para garantir a sobrevida da comissão. A base autorizou o acesso dos parlamentares a auditorias do Tribunal de Contas da União sobre parte dos gastos sigilosos da Presidência. Em troca, os oposicionistas admitiram desistir da CPI exclusiva no Senado para investigar o mau uso dos cartões. Também foi negociada a suspensão dos pedidos para convocar ministros e ex-ministros dos governos Lula e FH.

O acordo foi impulsionado pela ameaça da presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), de abandonar o cargo. A base também enfrentou início de rebelião do PMDB e de legendas nanicas, que cobram mais cargos em troca da fidelidade ao PT. Hoje, a CPI deve aprovar 11 requerimentos de informações.

COLABOROU Cristiane Jungblut

www.oglobo.com.br/pais Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: O País Tamanho: 376 palavras Edição: 1 Página: 14 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno

© 2001 Todos os direi