Título: Reservas, só daqui a três meses
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 16/04/2008, Economia, p. 29

Mônica Tavares e Ramona Ordoñez

BRASÍLIA, RIO e CANCÚN (México). O diretor de Exploração da Petrobras, Guilherme Estrella, afirmou ontem que a avaliação das reservas do campo Carioca pode demorar três meses. Estrella participou, ao lado do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, de uma audiência sobre royalties na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

¿ É difícil dizer. Em três meses talvez a gente possa ter as primeiras condições concretas de começar a pensar em estimativa ¿ afirmou Estrella.

O diretor da estatal evitou polemizar com Lima:

¿ Estamos no processo de avaliação da descoberta e estamos nos preparando para testar o poço. Somente após o teste e a interpretação das curvas de produção, e vai demorar um pouco, somente após esse período de avaliação é que nós podemos iniciar, pensar nas estimativas dos volumes que estão lá (na área Carioca) relacionados.

Em Cancún, no México, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a empresa não é capaz de ¿confirmar¿ se Carioca contém 33 bilhões de barris. A Petrobras está fazendo perfurações a três mil metros de profundidade no campo, segundo Gabrielli, em entrevista concedida no Fórum Econômico Mundial de Cancún. A empresa pretende fazer perfurações que alcançarão sete mil metros.

¿ Não podemos confirmar essa estimativa. Estamos em estágio muito inicial. Assim que concluirmos o processo de perfuração, teremos informações melhores ¿ disse Gabrielli.

Geólogo: empresa já tem projeção de reserva antes de furar poço

As empresas petrolíferas só têm condições de saber o volume exato de reservas de um campo após a perfuração de, no mínimo, dois a três poços. No entanto, as empresas fazem projeções de reservas prováveis de óleo e gás antes mesmo de perfurar o primeiro poço. O geólogo Giuseppe Bacoccoli, professor da Coppe/UFRJ, disse que, para se perfurar um poço, os técnicos já rodam programas nos computadores com os dados sísmicos e geológicos, para se fazer uma previsão de reservas que vão determinar onde será realizada a perfuração. Os dados, contudo são altamente sigilosos, e as empresas só divulgam oficialmente as informações quando têm maior certeza sobre as projeções das reservas, após a perfuração de dois a três poços.

¿ Até para se furar o primeiro poço é preciso ter uma avaliação do potencial, porque os custos são muito elevados¿ explicou Bacoccoli.

Bacoccoli lembrou que os técnicos da ANP são capazes de fazer essas projeções. Isso porque a agência faz tais projeções para fixar os valores mínimos dos bônus nos leilão de oferta de áreas.

Uma fonte do setor disse que o vazamento de informações sobre os trabalhos em Carioca pode ter partido de pessoas de dentro de uma das três empresas do consórcio. Essa fonte lembrou ainda que, nos últimos anos, muito executivos da área de Exploração e Produção da Petrobras foram para a iniciativa privada, e podem ter ainda acesso a informações privilegiadas da estatal.

O novo diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, disse ontem que a empresa está reavaliando os investimentos no Equador. A companhia, que investiria US$500 milhões entre 2008 e 2012, está avaliando a rentabilidade de seus novos projetos, como o desenvolvimento de um campo, depois de o governo equatoriano ter aumentado os royalties sobre a produção de 50% para 99%. A Petrobras avalia também a compra de mais uma refinaria, agora em Aruba, da americana Valero, com cem mil barris de capacidade diária de processamento. (Com Bloomberg News)

LIMA CULPA OS `ESPECULADORES¿, na página 30 Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: Economia Tamanho: 596 palavras Edição: 1 Página: 29 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno