Título: Construtoras já se previnem contra investidores suspeitos
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 13/04/2008, O País, p. 3

Setor que mais tem atraído capital estrangeiro contrata empresas de segurança.

SÃO PAULO. Alvo preferencial de mafiosos estrangeiros que procuram lavar dinheiro no Brasil, as grandes construtoras, incorporadoras e imobiliárias têm contratado empresas estrangeiras de segurança para rastrear a origem do dinheiro de investidores e compradores suspeitos.

- O setor está muito bem cercado, as regras ficaram mais rígidas e ninguém fecha um negócio de milhões de dólares sem ter feito uma longa negociação, sem ter conversado muito. Mas as empresas têm tomado cuidados e investigado de onde vem o dinheiro, com quem estão transacionando - afirmou o diretor de Economia do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Eduardo Zaidan.

Segundo Ricardo Chilelli, da RCI First Security, as precauções começaram no ano passado, depois da abertura do capital do setor imobiliário.

- Isso começou com a abertura do capital nas bolsas de valores, pois qualquer escândalo pode derrubar o valor das ações - disse Chilelli.

O setor da construção civil é um dos que mais tem recebido investimentos externos. Segundo o Banco Central, a injeção de capital estrangeiro passou de US$17 milhões nos meses de janeiro e fevereiro de 2007 para US$223 milhões neste ano.

As suspeitas cresceram no mesmo ritmo. O setor é o segundo no ranking do Coaf em comunicações de transações suspeitas, atrás apenas das empresas de factoring. O número de comunicações envolvendo a compra e venda de imóveis saltou de 619 em 2003 para 747 em 2006.

- Quando uma offshore com sede em Luxemburgo tenta comprar três apartamentos avaliados em milhões de dólares à vista no Brasil, uma luz vermelha se acende na imobiliária. E nós somos contratados para rastrear a origem do dinheiro - explicou Chilelli. (Ricardo Galhardo)